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Donos aceitam oferta da Prefeitura, e prédio ocupado em SP deve virar moradia popular

Prédio no centro de SP estava sem uso havia 20 anos, antes de ser ocupado, em 2007 - Marcio Komesu/UOL
Prédio no centro de SP estava sem uso havia 20 anos, antes de ser ocupado, em 2007 Imagem: Marcio Komesu/UOL

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

18/11/2017 04h00

Os proprietários do edifício Mauá, no bairro da Luz, centro de São Paulo, aceitaram a proposta da Prefeitura, de cerca de R$ 20 milhões, e vão ceder o espaço para moradia popular. Agora, faltam apenas "procedimentos jurídicos" para a finalização da compra pela gestão municipal. Cerca de 940 pessoas vivem no local, que foi ocupado em 25 de março de 2007.

O advogado dos proprietários, José Roberto Amaral, informou ao UOL que o acordo está selado. "Só faltam alguns detalhes. Estamos aguardando a Prefeitura se manifestar", disse. Procurada, a gestão municipal disse que "as tratativas para viabilização da ação estão caminhando para um desfecho final".

Segundo a Prefeitura, "nas últimas semanas, a Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação) elaborou nova proposta para desapropriação do edifício chegando a um valor definitivo dentro do limite do município. Os proprietários demonstraram interesse e propuseram condições para viabilização da proposta que estão em análise pelo município para posterior validação junto à Justiça."

Ainda de acordo com a gestão municipal, após os procedimentos jurídicos, a secretaria de Habitação e a Cohab vão definir a forma de financiamento do edifício para moradia social e a demanda indicada para o local.

Números da ocupação:

  • 940 pessoas vivem na "Ocupação Mauá"
  • 237 famílias que ocupam o espaço desde 2007
  • 180 crianças e pré-adolescentes vivem com a família no local

"A gente não quer nada de graça. Pleiteamos um valor justo"

UOL Notícias

O edifício, que já abrigou um hotel, estava abandonado havia cerca de 20 anos antes de ser ocupado, segundo o MMLJ (Movimento de Moradia na Luta por Justiça). Para Ivaneti Araújo, líder do MMLJ, o acordo é um "primeiro passo, largo, que durou 10 anos", mas que o grupo conseguiu avançar. "Depois de tantas lutas, de 10 anos, não haverá despejo na Mauá", disse.

O mineiro Florentino de Brito vive com a mulher, Solange, na ocupação. "Vim para cá [São Paulo] pensando numa vida melhor, com emprego. Sempre trabalhei de ajudante de motorista, mas não conseguia pagar aluguel e criar os dois filhos que tenho. Aqui foi a solução", afirmou.

Conhecido como "Ocupação Mauá", o local quase se tornou parte de um programa habitacional, no ano de 2013, quando seria comprado pela Prefeitura. No entanto, um imbróglio jurídico travou as negociações.

A Prefeitura, na gestão Fernando Haddad (PT), chegou a depositar R$ 11 milhões para a compra do local. Logo depois de o petista perder as eleições municipais, em 2016, um perito avaliou que o imóvel valia o dobro, e a Cohab pediu a devolução do dinheiro já disponibilizado afirmando não ter como arcar com a nova estimativa de custos.

10.ago.2017 - Mulher e neto vivem na apreensão de serem despejados, assim como as outras 236 famílias que vivem na Ocupação Mauá, em frente à estação Luz, centro de SP - Luís Adorno/UOL - Luís Adorno/UOL
Mulher e neto viviam sob a apreensão de serem despejados, assim como as outras 236 famílias que vivem na Ocupação Mauá, em frente à estação Luz, no centro de SP
Imagem: Luís Adorno/UOL