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Atirador de colégio em Goiânia ficará três anos internado, decide Justiça

Faixa no portão do colégio particular Goyases, localizado no Conjunto Riviera, em Goiânia (GO), onde dois estudantes foram mortos e outros quatro ficaram feridos - DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO
Faixa no portão do colégio particular Goyases, localizado no Conjunto Riviera, em Goiânia (GO), onde dois estudantes foram mortos e outros quatro ficaram feridos Imagem: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

28/11/2017 17h57

A Justiça de Goiás condenou a três anos de internação o adolescente de 14 anos que atirou em colegas de sala no colégio Goyazes, em Goiânia, mês passado. No ataque, no qual ele utilizou a arma da mãe --que, a exemplo do marido, é policial militar --, dois alunos de 13 anos foram mortos e outros quatro feridos, entre os quais, uma adolescente de 14 anos que ficou paraplégica.

A sentença foi proferida ao fim da audiência no Juizado da Infância e Juventude, na capital goiana. Ao todo, foram ouvidas hoje duas testemunhas de defesa e duas de acusação, entre as quais, respectivamente, uma babá do estudante e um conselheiro tutelar, e uma professora do colégio e o policial militar que atendeu primeiro a ocorrência.

A pena de três anos de reclusão é o máximo previsto em lei como medida socioeducativa imposta a adolescentes infratores. A advogada do atirador, Rosângela Magalhães de Almeida, afirmou que a defesa não vai recorrer “dada a gravidade dos fatos e a preocupação constante e primeira de garantir a integridade física dele”.

“Até em razão da repercussão do caso e por ele ser filho de (policiais) militares, consideramos que o risco à integridade física dele é mais elevado. Sabemos da gravidade dos fatos e ele, mesmo, não negou a prática deles em uma audiência anterior”, explicou a advogada.

"Tempo minimiza", avalia advogada 

Além da pena, o adolescente terá de se submeter, a cada seis meses, a uma avaliação da Justiça em relação a comportamento e às condições gerais de momento.

“Bem ou mal, a sentença encerra um ciclo, e isso pode ajudar, não sei em quanto tempo, que ele possa ter uma perspectiva de futuro, daqui a uns anos".

"Lógico que isso vai acompanhá-lo para o resto da vida mas, se o tempo não apaga, ao menos minimiza uma situação dessas”, definiu a advogada, quando foi indagada sobre as condições do adolescente.

De acordo com ela, ele cumprirá a pena em uma unidade para adolescentes infratores no interior de Goiás. Até hoje, afirmou, ele esperava pela sentença em cela isolada.

Adolescente de 14 anos ficou paraplégica

No último dia 10, a última vítima do ataque, um adolescente de 14 anos, teve alta médica do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), mas foi encaminhada ao Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer).

Mês passado, o hospital confirmou que ela ficou paraplégica. A estudante chegou a passar por um novo procedimento cirúrgico para a limpeza da membrana que reveste o pulmão, no último dia 26, e não corria risco de morte. Um dos três tiros que a adolescente recebeu atingiu sua coluna.

No ataque promovido pelo adolescente de 14 anos, morreram os estudantes de 13 anos João Pedro Calembo e João Vitor Gomes. A arma usada pelo atirador pertencia à mãe dele, que agora responde inquérito militar por conta do episódio.

O jovem confessou o crime e afirmou que o cometeu por ter sofrido bullying pelos colegas. Ele disse à polícia que se inspirou nos massacres de Columbine, nos Estados Unidos, e de Realengo, no Rio de Janeiro.