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Após reportagem do UOL, posto da PF na fronteira volta a funcionar 24 horas por dia

Sem pessoal, posto da PF fecha de madrugada em cidade na rota do tráfico de armas - Sinpef-RS/Divulgação
Sem pessoal, posto da PF fecha de madrugada em cidade na rota do tráfico de armas Imagem: Sinpef-RS/Divulgação

Flávio Costa

Do UOL, em São Paulo

07/12/2017 04h00

O posto de controle de imigração da Polícia Federal em Aceguá (RS), cidade localizada na fronteira entre o Brasil e o Uruguai, voltou a funcionar em horário integral -- 24 horas nos sete dias da semana --, informou a Superintendência da Polícia Federal no Rio Grande do Sul.

A decisão foi tomada após o UOL revelar em reportagem publicada na semana passada que o posto passava as madrugadas, finais de semana e feriados fechado por falta de pessoal. Enquanto permanecia sem funcionar, o fluxo de pessoas nesse ponto da fronteira continuava livre.

Em nota, a direção da PF no Estado afirmou que a previsão de aumento do fluxo de turistas na região e de reforço de agentes levou ao retorno do horário de integral da abertura da repartição.

"A atuação no Posto de controle migratório da PF em Aceguá é definida de acordo com informações operacionais e de inteligência disponíveis", lê-se na nota.

"Considerando a previsão de aumento de demanda de turistas no período de dezembro até março e de reforço de efetivo nos pontos de controle migratório do Estado, optou-se, neste momento, pelo atendimento ininterrupto no local supramencionado."

Posto fica na rota do tráfico de armas

Aceguá é um município de pouco mais de 4.700 habitantes segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A região é conhecida pelo intenso tráfico de armas do Uruguai para o Brasil. 

Por se situar em uma região de fronteira, a cidade conta com um posto de imigração para fazer o controle do fluxo de estrangeiros. Atualmente, o estabelecimento tem dois agentes que atuam no atendimento aos estrangeiros que entram e saem do Brasil. Não foi informado pela PF quantos agentes irão reforçar esse posto específico.

A delegacia da PF mais próxima do posto fica a 60 quilômetros de Aceguá, na cidade de Bagé. Nesta unidade há atendimento 24 horas por dia. 

Tráfico de armas vindas do Uruguai se intensificou 

Dados da Inteligência da Polícia Federal dão conta que o tráfico de armas pelo Uruguai se intensificou nos últimos 20 anos, como mostrou o UOL em reportagem publicada no último domingo (3).

Boa parte do armamento ilegal que passa pela fronteira abastece facções criminosas que atuam em Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro.

Dados do Ministério da Justiça mostram que, entre 2012 e 2016, as apreensões de armas ilegais no Rio Grande do Sul aumentaram 422%, saindo de 90 para 470, enquanto a média nacional registrou uma queda de 59% no mesmo período, saindo de 15.395 em 2012 para 6.270 em 2016.

"É uma região de fronteira seca [sem mar ou rios]. Não há obstáculos naturais que impeça o fluxo de carros, que é pouco fiscalizado pela baixo efetivo da PF nas fronteiras", disse o presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Rio Grande do Sul, Ubiratan Sanderson, que é agente da PF há 21 anos, os cinco primeiros dedicados à atuação na região da fronteira.

O armamento é levado de maneira clandestina em navios que chegam ao porto de Montevidéu. "Boa parte dessa carga chega dos Estados Unidos e é descarregada pelos traficantes em veículos que, por sua vez, levam o carregamento sem qualquer dificuldade até a região da fronteira com o Brasil", explica Sanderson.