Membros da cúpula do PCC viviam em mansão avaliada em R$ 2 milhões no CE, diz Polícia Civil
Uma mansão avaliada em R$ 2 milhões e registrada em nome de um "laranja", que pagou o imóvel em 10 cheques de R$ 200 mil, é apontava pela Polícia Civil do Ceará como o local onde Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, 41, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, 38, moravam em Aquiraz, região metropolitana de Fortaleza (CE).
A polícia ainda investiga se Gegê do Mangue e Paca passavam férias no local ou se já moravam na residência. Os criminosos foram mortos em uma emboscada feita por outros bandidos na última quinta-feira (15) em uma região de mata fechada, segundo a polícia.
A mansão fica dentro de um condomínio de luxo em Porto das Dunas. Na segunda-feira (19), segundo a Polícia Civil, foi cumprida uma ordem de busca e apreensão no local. O resultado da ação ainda não foi divulgado. Policiais também investigam se Gegê do Mangue e Paca tinham outras propriedades no Estado.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará informou que a polícia identificou os corpos após realização de exames periciais.
"Todas as circunstâncias do crime estão sendo investigadas pela Polícia Civil. Detalhes sobre o caso só serão repassados no momento oportuno para não comprometer o andamento das investigações", informou a secretaria.
Promotores paulistas que investigam a facção criminosa disseram desconhecer a informação da polícia do Ceará sobre a mansão. Para eles, Gegê e Paca estavam atuando na Bolívia recentemente, segundo apurou a reportagem.
Velados em cemitério onde há mausoléu da PM
Os corpos de Gegê do Mangue e Paca foram velados na manhã desta terça-feira (20) no cemitério do Araçá, em Cerqueira César, região central de São Paulo. No mesmo local, fica o mausoléu da PM (Polícia Militar), onde são sepultados policiais mortos no exercício da função em São Paulo.
O mausoléu da PM, denominado “Heróis da Polícia Militar”, foi construído em 1969. Entre 1996 e 2017, segundo dados da SSP (Secretaria da Segurança Pública), 520 PMs foram mortos no Estado em serviço. Segundo a administração do cemitério, no entanto, os corpos serão enterrados no Cemitério da Redenção, que fica em frente ao do Araçá.
Até serem mortos, Gegê do Mangue e Paca eram considerados as principais vozes da facção criminosa PCC fora dos presídios. No organograma geral da facção criminosa, Gegê era o número 3 do bando, de acordo com o MP (Ministério Público), atrás apenas de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo e preso em Presidente Venceslau (SP), e Abel Pacheo, o Vida Loka, recluso na penitenciária federal de Mossoró (RN).
Investigações
Na manhã de domingo, a principal hipótese das autoridades que investigam o crime era de uma emboscada feita por uma facção rival no Ceará contra os criminosos, tendo em vista a disputa que existe por ponto de tráfico no Estado. À tarde, elementos de investigação passaram a indicar como principal hipótese que eles foram mortos a mando da cúpula do próprio PCC.
Segundo o promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de Presidente Venceslau, Gegê do Mangue e Paca teriam participação no assassinato do ex-integrante da cúpula do PCC Edilson Borges Nogueira, o "Birosca", amigo de Marcola e de outros integrantes da cúpula.
Gegê do Mangue e Paca teriam ordenado a morte sem consultar a cúpula, enquanto Marcola estava no regime RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) teoricamente sem comunicação com os demais integrantes do PCC.
"Esses dois homens foram mortos em uma área de reserva indígena em Aquiraz, no Ceará. Os moradores relatam que uma aeronave foi usada na ação criminosa. Um helicóptero teria efetuado voos em baixa atitude e os ocupantes efetuados disparos", explicou à reportagem o promotor Gakiya. Próximo aos corpos, havia várias cápsulas 9 mm.
Ainda não se sabe como e por que os criminosos foram encontrados no Ceará. Investigadores de São Paulo e do Ceará têm se dividido nas hipóteses. Há autoridades que apontam que os líderes da facção estavam no Estado pela iniciativa do PCC disputar os pontos de tráfico local, e há quem diga que eles foram levados ao Ceará apenas para serem mortos.
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