Após quiosques destruídos, Crivella vai abrir linha de crédito para ambulantes
Comerciantes vão ganhar uma linha de crédito a juros baixos para recuperar o maquinário perdido durante a destruição dos quiosques da praça Miami, na Vila Kennedy, zona oeste do Rio.
Eles também serão autorizados a trabalhar em tendas provisórias, que serão cedidas pela Prefeitura até que haja realocação para novos quiosques padronizados.
Ontem, junto à Guarda Municipal e por meio da Secretaria Municipal de Ordem Pública, a Prefeitura do Rio de Janeiro fez uma ação de reordenamento na praça Miami, no centro da Vila Kennedy. Quiosques foram destruídos por uma retroescavadeira, o que revoltou ambulantes.
O anúncio foi feito pelo prefeito Marcelo Crivella (PRB), após reunião com as lideranças da comunidade neste sábado (10). O programa vai ser uma espécie de "meu quiosque, minha vida", nas palavras do secretário do Meio Ambiente, Jorge Felippe Neto.
O prefeito classificou como "grande drama" a perda do maquinário dos ambulantes. "Muitos dos que perderam material, equipamento e instalações vão ter uma linha de crédito para que eles possam se restabelecer. Mas não pode ter gato de luz, não pode ter conta de água clandestina, tem que pagar as taxas. Acho que assim vamos conseguir uma solução pacífica para essa controvérsia", disse Crivella na entrevista coletiva.
Detalhes da linha de crédito não foram divulgados, mas a ideia é que ambulantes possam financiar, a juros baixos, a reposição dos equipamentos.
Crivella também disse que os ambulantes mais afetados vão ganhar cestas básicas --sem especificar uma data para isso, contudo.
Questionado, o prefeito não informou se a demolição foi um erro da prefeitura, mas admitiu que a conversa com os moradores deveria ter sido antes da destruição dos quiosques.
"Depois das nossas discussões, nós acordamos que a área de urbanismo da prefeitura vai fazer um trabalho já na segunda-feira", disse. "É bem verdade que nós gostaríamos de ter encontrado esse caminho anteriormente à intervenção que foi feita. Mas a prefeitura já está tomando decisões, já está colocando as suas diretrizes administrativas para que isso ocorra", continuou.
A reunião foi classificada como positiva pelas lideranças da Vila Kennedy. A percepção é que, mesmo tendo que financiar as perdas com uma linha de crédito a juros baixos, "ao menos já é alguma coisa", conforme disse um dos interlocutores ao UOL.
Ontem, em nota, Crivella já havia admitido "uso desproporcional da força" contra trabalhadores e mandou afastar os envolvidos.
Grávida conta que ficou surpresa com destruição
A destruição do quiosque de Luciana Silva Damasceno, 34, foi um dos momentos mais dramáticos de ontem. Grávida, ela se ajoelhou com o marido diante do pequeno comércio, rezando e pedindo ajuda a Deus para que ele não fosse destruído pelas retroescavadeiras.
Ela chora ao se lembrar do momento, mas acredita que, com a palavra do prefeito, haverá uma mudança para melhor.
"Quando eles chegaram, eu achei que eles iam fazer só melhorias, porque não avisaram. Quando eles passaram de barraca em barraca avisando 'tira tudo porque vamos derrubar', para mim foi uma surpresa. Os fregueses foram chegando e não pude deixar de atender. Tudo ali foi perdido", disse ao UOL logo após a reunião.
A promessa que Luciana e outros líderes receberam é de que os quiosques vão ficar prontos entre três e seis meses.
"Na minha simples humildade, eu nunca esperaria que um prefeito tivesse uma atitude dessas. O meu sonho era ter esse documento para legalizar. Eles falaram que vão fazer coisas padronizadas, direitinho que vai dar condições de trabalho para a gente. Não só o comércio da praça mas como todo o comércio da Vila Kennedy vai ser beneficiado com isso", anima-se. "Qualquer mudança para melhor já é muito para a gente."
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