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Em 24 h, tentativa de fuga de presos e assassinatos deixam ao menos 32 mortos no Pará

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

10/04/2018 18h08Atualizada em 10/04/2018 22h21

Pelo menos 31 pessoas foram mortas em Belém nas últimas 24 horas. Nesta terça-feira (10), ao menos 21 pessoas morreram e outras cinco ficaram feridas após uma tentativa de fuga em massa de presos do CRP III (Centro de Recuperação Penitenciário do Pará III), no Complexo Prisional de Santa Izabel, localizado na região metropolitana da capital paraense.

Horas antes, na tarde de segunda (9), 11 pessoas foram assassinadas na região metropolitana de Belém, segundo a nota divulgada pela Segup (Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social). Os assassinatos de ontem foram registrados após a morte de dois policiais militares --um na noite de domingo (8) e outro na manhã de segunda.

A Segup, no entanto, não confirma nenhuma relação entre os eventos.

No centro penitenciário, segundo a Secretaria, houve uma tentativa de resgate de detentos por um grupo externo “fortemente armado”, que utilizou explosivos contra um dos muros da penitenciária. A ação ocorreu por volta das 13h. Houve troca de tiros entre o grupo que efetuava a tentativa de resgate, parte dos detentos e a equipe do batalhão penitenciário.

Ainda de acordo com a Secretaria, um dos mortos é agente penitenciário. Ele foi identificado como Guardiano Santana, de 57 anos. São também agentes os cinco feridos --um deles está em estado grave e deve ser submetido a cirurgia no Hospital Metropolitano, em Ananindeua, região metropolitana de Belém. Outros dois feridos estão no mesmo hospital e um outro agente está em um hospital particular. O estado de saúde deles é considerado estável. O último agente foi atendido na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Castanhal e já foi liberado.

Os outros 20 são presos e integrantes do grupo de resgate. A identificação e contagem --que está sendo realizada neste momento, por volta das 21h-- poderá identificar quantos eram custodiados do sistema penal e quantos pertenciam ao grupo criminoso que tentou realizar o resgate.

"Se a guarda externa não estivesse muito atenta, nós poderíamos ter tido uma fuga em massa de presos, não fosse a resposta da Polícia Militar", afirmou o o secretário adjunto de gestão operacional, coronel André Cunha.

Um vídeo obtido pelo UOL mostra diversos corpos no pátio externo da penitenciária. Ao fundo, é possível ouvir barulhos que se assemelham a tiros.

Tentativa de resgate em presídio no Pará deixa mortos

UOL Notícias

A Susipe (Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado) ainda não confirma se houve fuga de presos na ação.

Foram apreendidos dois fuzis, três pistolas e dois revólveres com o grupo que tentou invadir a prisão. Segundo a Segup, os presos também tinham armas dentro da penitenciária.

Na unidade prisional onde houve a tentativa de resgate, a capacidade é de 432 presos, mas há hoje 605 detentos, segundo a Susipe. O complexo possui, ao todo, 9 unidades prisionais e mais de 6 mil presos.

A companhia de operações especiais da PM (Polícia Militar) do Pará já deslocou efetivo tático para reforçar a segurança do complexo.

Dados do Sistema Integrado de Segurança Pública do Pará (Sisp) revelam que, nos três primeiros meses de 2018, foram registradas mais de mil mortes violentas, o que dá uma média de quase 13 mortes violentas por dia no Pará. A Segup reconheceu os assassinatos e informou que nove das vítimas tinham passagem pela polícia.

O governo do Estado do Pará informou nesta manhã que iniciou ainda ontem a implantação de uma operação de reforço policial nas ruas da capital paraense e dos demais municípios da região metropolitana de Belém.

Uma sala de situação, comandada pela Segup, foi implantada para traçar e definir metas para as operações. Segundo o governo do Estado, mais de 200 homens --entre policiais militares, policiais civis, agentes do Detran (Departamento de Trânsito do Estado do Pará) e da Guarda Municipal de Belém-- fazem parte da operação integrada, que visa “coibir a criminalidade”. Equipes da Divisão de Homicídios da Polícia Civil também estão nas ruas atuando na apuração dos assassinatos desta segunda. (Com informações da Agência Estado)