Marielle postou vídeo em que repreende vereador citado por testemunha
Um vídeo divulgado pelo perfil da vereadora Marielle Franco (PSOL) no Instagram em agosto do ano passado mostra o momento em que a parlamentar repreende o colega Marcello Siciliano (PHS) por, na avaliação dela, ter feito colocação machista no plenário da Câmara Municipal.
Segundo reportagem do jornal "O Globo", uma testemunha não identificada envolveu o vereador e um ex-PM no assassinato de Marielle. Siciliano negou nesta quarta-feira (9) qualquer envolvimento com o assassinato e disse que tinha boa relação com a parlamentar.
Procurada, a assessoria de imprensa da Polícia Civil do Rio de Janeiro reiterou que o caso continua em sigilo. A Polícia Civil não comentou se o vereador e o ex-policial Orlando Oliveira de Araújo são considerados oficialmente suspeitos do crime. A Secretaria de Segurança do Rio também não confirmou nem negou o conteúdo do depoimento.
Durante uma sessão na Câmara, Marielle afirmou: “Marcello, como eu tenho bom diálogo com você queria registrar uma coisa na sua fala. A minha palavra é palavra de mulher, mas vale, não é só palavra de homem que vale”.
O vereador Tarcísio Motta (PSOL), que estava na sessão, diz que a colocação teve relação com uma fala de Siciliano no plenário em que o parlamentar teria feito uma colocação machista, contestada na sequência por Marielle. “Ela fazia isso com frequência, se posicionava e não deixava passar nenhuma colocação desse tipo.”
Ainda segundo Tarcísio, que preferiu não comentar o depoimento da testemunha, os dois mantinham uma relação cordial.
Sessão na Câmara cancelada
Nesta quarta-feira (9), a sessão ordinária da Câmara de Vereadores marcada para começar às 14h foi cancelada por falta de quórum. De acordo com a assessoria do vereador Tarcísio Motta (PSOL), cancelamentos por este motivo são recorrentes, mas a situação desta quarta chamou a atenção por ter sido definida antes mesmo do começo da sessão.
De acordo com o parlamentar, às 14h15, o vereador Rogério Rocal (PTB) anunciou no plenário, no lugar do presidente Jorge Felippe (PMDB), que a sessão não seria aberta por falta de quórum. “Cair a sessão é comum. Nesse caso, nem começou. Isso é incomum”, disse a assessoria de Motta.
Questionada sobre o cancelamento e se haveria alguma relação com as investigações do assassinato da vereadora, a Câmara de Vereadores não se pronunciou.
Segundo reportagem do jornal "O Globo", publicada na terça-feira (8), a testemunha, que disse ser ligada a uma milícia do Rio, afirmou que Siciliano e um ex-PM queriam a morte de Marielle. O ex-policial Orlando Oliveira de Araújo está preso em Bangu sob acusação de chefiar uma milícia em Curicica, na zona oeste carioca. A reportagem do UOL não localizou a defesa de Araújo.
Em depoimento à polícia, essa testemunha descreveu supostos encontros do vereador com o ex-policial militar, em que ambos teriam tramado o crime. Questionado, Siciliano disse que isso nunca aconteceu, mas não descartou a hipótese de conhecer Araújo devido à sua atuação política ativa nas ruas. "Esse encontro nunca existiu, é pura mentira", disse.
Siciliano já prestou depoimento à polícia no caso Marielle na condição de testemunha. Ele disse que, "com certeza, não deveria ser investigado".
Ele classificou a notícia publicada por "O Globo" como um “factoide” e uma “nota mentirosa no jornal”. Afirmou também que a testemunha seria uma “pessoa sem credibilidade que se associou a um grupo paramilitar”.
Procurado pela reportagem, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) informou que só irá comentar o caso após o fim das investigações. O vereador Tarcísio Motta disse que a bancada do partido solicitou uma reunião com a chefia da Delegacia de Homicídio, responsável pelas investigações.
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