Topo

Tudo começou por R$ 15, diz pai de jovem espancado por seguranças de boate em Santos

Lucas Martins de Paula, 21, está internado em UTI após ser espancado em casa noturna - Reprodução/Facebook
Lucas Martins de Paula, 21, está internado em UTI após ser espancado em casa noturna Imagem: Reprodução/Facebook

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

10/07/2018 15h04

O estudante de engenharia elétrica Lucas Martins de Paula e o pai dele, o aposentado Isaías de Paula, tinham combinado que iriam acordar cedo no último sábado (7) para surfar em Santos, litoral de São Paulo. Mas Lucas mudou de ideia e, com amigos, resolveu aproveitar a noite da sexta na Baccará  Backstage, casa noturna que fica no bairro Embaré. Saiu de lá socorrido pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

O pai conta que o filho de 21 anos foi espancado no local por seguranças até ficar em coma, por causa de uma cobrança de R$ 15 a mais na conta. “Foi R$ 15, uma Skol Beats que ele não consumiu. Tudo começou por causa disso”, lamenta o pai.

A confusão começou por volta das 3h30, segundo boletim de ocorrência registrado pela polícia. Lucas estava na fila do caixa para pagar quando discordou do valor cobrado na comanda. “Na hora de pagar, ele questionou o valor e começou a confusão. Quem estava no caixa chamou o garçom que disse que ele tinha consumido o valor. Chamaram os seguranças e começou a confusão”, conta o pai.

O aposentado de 52 anos disse que o filho começou a ser agredido fisicamente dentro do estabelecimento pelos seguranças. “Colocaram ele para fora e o espancaram até ele entrar em coma. Foram de sete a oito seguranças que fizeram uma roda para agredir meu filho. As pessoas que tentavam entrar para separar a briga também foram agredidas. Os amigos do meu filho também foram agredidos”, contou.

No boletim de ocorrência consta que um advogado de 24 anos e um eletricista de 21 também sofreram agressões, sem gravidade. O documento também informa que o chefe da segurança do local teria dito à polícia que não viu nenhuma agressão e que pediu aos funcionários da casa que tirassem do local o rapaz porque ele não tinha pago a comanda.

“Ele não teve nem tempo de tirar a carteira do bolso para pagar, já começaram a bater nele. Foi uma covardia”, disse o pai. “Isso não foi agressão, foi tentativa de homicídio com omissão de socorro”.

Lucas foi socorrido para a UPA Central, em Santos. “Eu estava dormindo e recebi uma ligação da minha filha dizendo que ele estava no hospital. Os amigos dele ligaram para ela”, diz.
Na UPA, o pai conseguiu transferi-lo para a Santa Casa, onde permanece internado em estado grave na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

Segundo o último boletim médico, o estudante de engenharia foi operado para drenar de um hematoma que se formou dentro do cérebro, após sofrer politraumatismo, está em coma induzido e deve permanecer internado por mais alguns dias na unidade de cuidados intensivos.

“A gente está aguardando que tenha melhoras, que não fique com nenhuma sequela”, disse o pai à reportagem, bastante emocionado. “Eu perguntei para ele: ‘Vai para balada hoje? A gente não ia surfar? Como você vai surfar se beber?’, e ele disse que ia para balada. O resultado foi esse”.

O caso foi registrado como lesão corporal na delegacia seccional de Santos, mas está sendo investigado pelo 3º DP. 

O UOL tentou contato telefônico com a Baccará Backstage, mas as ligações não foram atendidas. Todas as redes sociais do estabelecimento foram apagadas.