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Governo do Rio vai investigar morte de mulher que teve atendimento negado em hospital

Irene Bento morreu após ter atendimento negado em hospital do Rio - Reprodução
Irene Bento morreu após ter atendimento negado em hospital do Rio Imagem: Reprodução

Renan Prates

Colaboração para o UOL

02/08/2018 16h18

A Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro decidiu criar uma comissão para investigar a morte de Irene Bento, de 51 anos, que teve atendimento negado na emergência do hospital estadual Getúlio Vargas no último sábado (28). O órgão informou que também será instaurada uma sindicância para apurar a responsabilidade dos envolvidos no caso.

Segundo nota enviada ao UOL pelo órgão estadual, a comissão tem como objetivo "reavaliar todos os protocolos assistenciais e de classificação de risco da unidade para evitar que episódios lamentáveis como o da paciente Irene de Jesus Bento se repitam".

No entanto, Rangel Marques, um dos filhos da paciente, questionou a decisão tomada após a morte da mãe. "Precisou morrer duas pessoas, porque não foi só a minha mãe que morreu aquele dia, para que tomassem uma atitude. Tinham que ter feito isso antes", disse.

Segundo Marques, ele foi ao hospital com Irene por volta das 14h do último sábado após a mulher sentir dificuldades para respirar, com um bloqueio na garganta. O filho conta que, desesperado com a demora no atendimento, e entrou em uma das salas da instituição de saúde. Quando abriu a porta, viu uma médica mexendo no celular, sem atender nenhum paciente.

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O filho explica que questionou o motivo da atitude da profissional e recebeu como resposta que o caso da mãe dele não era grave e que a profissional só atenderia a paciente quando recebesse sua ficha.

Após insistir, Marques conta que foi aconselhado por profissionais do local a levar a mãe a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) próxima do hospital. Lá, Irene também demorou para ser atendida e os médicos detectaram a necessidade de fazer uma traqueostomia, intervenção cirúrgica que consiste na abertura de um orifício na traqueia, na colocação de uma cânula para a passagem de ar. No entanto, alegaram que a unidade de saúde não tinha os aparelhos necessários para fazer o procedimento e a orientação dada foi para que eles voltassem ao hospital Getúlio Vargas.

Segundo Rangel, no caminho de volta, a mulher, que já tinha sofrido duas paradas cardíacas, teve uma terceira e não resistiu por volta das 23h do sábado. "Ficou claro que houve erro médico. Se ela teria que voltar para o Getúlio Vargas, por que ela saiu de lá?", diz o filho.

Questionada pela reportagem, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro disse que a rede de hospitais está abastecida, "em pleno funcionamento e com todos os contratos com as organizações sociais de saúde pagos em dia”.