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França diz que "não há necessidade" de transferir presos do PCC para presídios federais

Roberto Casimiro/Estadão Conteúdo
Imagem: Roberto Casimiro/Estadão Conteúdo

Guilherme Mazieiro

Do UOL, em São Paulo

09/11/2018 13h29Atualizada em 09/11/2018 14h37

O governador de São Paulo, Márcio França (PSB), disse nesta sexta-feira (9) que "não há necessidade” de transferir presos da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), detidos em Presidente Venceslau (interior de São Paulo), para presídios federais. Segundo ele, é preciso cautela já que, em outros momentos, medidas semelhantes produziram "reações".

Desde o início da semana, a Polícia Militar reforçou o efetivo e conta com apoio do Exército para evitar um suposto plano de fuga dos líderes da organização criminosa do presídio estadual de segurança máxima, em Presidente Venceslau, que contaria com apoio de "mercenários" estrangeiros ao custo de R$ 100 milhões para soltar as lideranças da facção como Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola.

"Qualquer tipo de decisão de transferência é uma decisão judicial, e não uma decisão administrativa. Já tivemos experiências assim, que em outros momentos, produziram reações --e não se pode ignorar isso", disse o governador, sem especificar quais seriam essas reações. "É preciso que as ações sejam tomadas com cautela", completou França, logo após participar de uma cerimônia na Academia de Polícia Militar do Barro Branco, em São Paulo.

O pessebista considerou ainda que uma decisão de transferência precisa levar em conta que há 30 mil policiais nas ruas que estão expostos.

"E se por acaso vier um exército de outro país? Bom, é cada dia com sua angústia. No dia de hoje, a angústia, nas palavras dos nossos profissionais da segurança, está sob controle de todo mundo", declarou.

O evento na Academia homenageou 93 pessoas com a mais alta honraria da corporação, medalha Brigadeiro Tobias Aguiar, fundador da PM de São Paulo, em 1831.

Entre os homenageados estavam o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, a deputada estadual eleita Janaina Paschoal (PSL), o apresentador de TV José Luiz Datena e policiais militares.

Em 2006, rebeliões em presídios paulistas e uma série de ataques em São Paulo --com civis, guardas e policiais mortos ou feridos e bases policiais e delegacias atacadas --foram deflagrados, na capital e na região metropolitana, como resposta quase que imediata do PCC à decisão do estado de isolar suas principais lideranças. À época, foram transferidos 765 presos ligados à facção, entre eles estava Marcola.

Suposto plano de resgate de Marcola

No último dia 1º, o UOL revelou que uma investigação comandada pelo MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) e pela Polícia Civil, com a ajuda de um órgão federal, apontava que o PCC estaria se preparando para tentar resgatar Marcola nos próximos dias. Ele é considerado o principal líder da maior facção criminosa do país.

O deputado federal Major Olimpio (PSL-SP), eleito senador este ano, protocolou um ofício destinado ao governador no último dia 31 em que relata o plano e pede o envio das Forças Armadas para evitar a fuga.

A apuração aponta que o PCC gastou cerca de R$ 100 milhões na contratação de "mercenários" (pessoas pagas pela facção para cometer crimes, mas que não são integrantes permanentes dela), além de armas de grosso calibre, granadas e duas aeronaves.

Condenado a 232 anos e 11 meses de prisão por formação de quadrilha, roubo, tráfico de drogas e homicídio, Marcola e parte da cúpula do PCC estão presos na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, a 600 km da capital paulista.

É de lá que, segundo apuração do MP e Polícia Civil, a facção se organiza e administra o crime organizado.

Num período de quatro meses, esta seria a terceira vez que a facção tenta capturar o líder do grupo. Em julho deste ano, a PM (Polícia Militar) descobriu que os criminosos tentariam resgatá-lo com um caminhão blindado. Em outubro, a Polícia Civil descobriu um plano do grupo para explodir e metralhar os muros da penitenciária para permitir a fuga.

(Com informações de Luís Adorno, em São Paulo)