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MP faz nova denúncia contra João de Deus por estupro de vulnerável

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Imagem: Reprodução

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

15/01/2019 13h46

O Ministério Público de Goiás protocolou a segunda denúncia contra João Teixeira de Faria, 76, conhecido como João de Deus, na manhã desta terça-feira (15). Nela, o religioso é acusado de estupro de vulnerável contra quatro vítimas e violação sexual mediante fraude contra uma quinta. Os casos envolvem quatro mulheres de São Paulo e uma de Goiás.

A promotora de Justiça Gabriella de Queiroz Clementino explicou que na denúncia constam, ao todo, os casos de 13 vítimas, mas oito deles já prescreveram. "Cinco casos não estão prescritos, das cinco acusações imputadas, quatro são de estupro de vulnerável, um deles em continuidade delitiva. O quinto é de violação mediante fraude", explicou. 

O caso do estupro com "continuidade delitiva" -- quando o fato ocorre várias vezes -- diz respeito a uma mulher que disse ter sido abusada mais de 20 vezes pelo autodeclarado médium, entre 2009 e 2010. Um diário relatando os abusos foi entregue por ela à polícia. 

Os casos que já prescreveram não foram incluídos na denúncia, mas as vítimas constam como testemunhas de colaboração, disse a promotora. Segundo ela, os 13 casos datam da década de 1990 até julho de 2018, envolvendo vítimas de vários estados, sendo a grande maioria oriundas de Goiás.

Entre os casos prescritos está o de uma vítima que diz ter sido abusada em duas ocasiões, a primeira quando tinha 8 anos e a segunda com 13 anos. "É o relato de vítima mais nova que se tem notícia", disse o promotor Augusto César Souza. 

Segundo ele, junto com a denúncia feita ao poder Judiciário foi feito um novo pedido de prisão contra João de Deus, com o objetivo de garantir a preservação das vítimas e a coleta dos depoimentos, a salvo de ameaças e represálias. 

Das vítimas que constam na denúncia a mais nova tinha 19 anos na época do abuso e a mais velha tinha 47 anos. 

Religioso é réu acusado de crimes sexuais

Este é a segunda denúncia que o médium enfrenta. Em 9 de janeiro, ele virou réu por estupro de vulnerável e violência sexual mediante fraude, depois que a juíza Rosângela Rodrigues dos Santos, da Comarca de Abadiânia, aceitou denúncia que o acusa de ter cometido os crimes contra quatro vítimas.

Também na semana passada, a Polícia Civil de Goiás indiciou o médium e sua mulher, Ana Keyla Teixeira, por posse ilegal de armas. Em entrevista coletiva para anunciar o fim da força-tarefa policial sobre os casos envolvendo João de Deus, a delegada Karla Fernandes anunciou ainda que ele também foi indiciado por violação sexual mediante fraude. O crime teria sido cometido há três anos contra uma vítima que mora em São Paulo.

Cerca de 600 relatos de abusos de todo o país e do exterior já foram apresentadas às autoridades contra o médium. As autoridades identificaram mais de 300 potenciais vítimas.

Desde que foi detido, João de Deus nega todas as acusações feitas contra ele. O médium está preso desde 16 de dezembro, quando se entregou à polícia em Goiás.

Outro lado

O advogado Alberto Toron, que trabalha na defesa do religioso, questionou a postura do MP no caso. "Chega a ser medonho o que os membros do MP estão fazendo no caso. Não nos dão vista de nada, marcam interrogatório um dia antes no próprio MP, a defesa é obrigada a ler tudo em 20 minutos antes do interrogatório. Ele é ouvido e a denúncia (que já estava pronta) é protocolizada na manhã seguinte. É a antítese do que deve ser um processo no Estado democrático de Direito", disse, em nota enviada à imprensa.

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