Número de mortos em Brumadinho chega a 212; 93 pessoas seguem desaparecidas
O número de mortos em razão do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho chegou a 212, segundo informou hoje a Defesa Civil de Minas Gerais. De acordo com o órgão, 93 pessoas ainda estão desaparecidas.
Atualmente, conforme o Corpo de Bombeiros, 139 militares atuam nas buscas em 25 frentes de trabalho --duas dessas frentes continuarão as buscas até as 23h.
De acordo com a corporação, os bombeiros continuam dando ênfase à área da ITM (Instalação de Tratamento de Minério), uma das estruturas onde funcionários da Vale atuavam. Os militares encontraram recentemente na região um quiosque que funcionários da barragem utilizavam para descanso. Mais de 70 máquinas pesadas auxiliam os bombeiros nas buscas.
Outra barragem da Vale em risco
Na noite de ontem, o nível de alerta da barragem Superior Sul, na cidade de Barão do Cocais, também em Minas Gerais, subiu do nível 2 para 3 e a sirene soou pela segunda vez neste ano.
A Defesa Civil já havia retirado cerca de 400 moradores que viviam em uma área mais próxima à barragem no começo de fevereiro, quando as sirenes soaram pela primeira vez.
O órgão ainda alertou que, em caso de rompimento da barragem, os rejeitos levariam uma hora e 12 minutos para atingir a zona urbana do município. Portanto, em caso de colapso, este é o tempo para remover as cerca de 3.000 famílias que vivem na região, que fica a cerca de 100 km de Belo Horizonte.
A informação está em um boletim emitido hoje pela Defesa Civil de Minas Gerais. "O risco tem que ser monitorado. Temos 1h12 para tirar todas as pessoas que estão às margens do rio que corta Barão de Cocais", disse o tenente-coronel Flávio Godinho.
Vale usou empresa alemã para obstruir fiscalizações
Responsável pela barragem I da Mina do Feijão, em Brumadinho, a mineradora Vale utilizou a Tüv Süd, empresa alemã que contratou para atestar a segurança da barragem que rompeu em Brumadinho, para obstruir a atuação de órgãos de fiscalização e controle do setor de mineração no Brasil.
A informação é do promotor William Garcia Pinto, do Ministério Público de Minas Gerais, que atua na parte criminal da força-tarefa que apura as causas da ruptura da estrutura.
O promotor disse ainda que a Vale, em novembro, pediu o encerramento de inquérito aberto pelo MP para apurar as condições de segurança da barragem que acabou se rompendo dois meses depois. O inquérito foi aberto depois do rompimento da barragem da Samarco, joint-venture da Vale e BHP Billiton, em Mariana (MG), e envolveu outras barragens no município.
Segundo o representante do MP, também foi usada documentação emitida pela Tüv Süd para justificar o pedido de fim do inquérito. "A Vale protocolizou pedido para que o inquérito fosse arquivado alegando que não havia risco da barragem que se rompeu para a vida humana, a saúde e o meio ambiente", disse o promotor, durante seminário da Associação dos Juízes do Brasil (Ajufe), nesta terça-feira (19) em Belo Horizonte.
Em relação às acusações do Ministério Público, a Vale se manifestou por meio de nota e afirmou que "esperava que os auditores dessa empresa [Tüv Süd] tivessem responsabilidade técnica, independência e autonomia na prestação de seus serviços".
*Com reportagem de Guilherme Mazieiro, do UOL, em Brasília, e informações do "Estadão Conteúdo"
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