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Justiça adia pela 2ª vez depoimento de militares que fuzilaram músico no RJ

7.abr.2019 - Evaldo Rosa dos Santos foi baleado por militares no bairro de Guadalupe, na zona oeste do Rio Imagem: Reprodução/Facebook

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

09/10/2019 12h55

Pela segunda vez, a Justiça Militar decidiu adiar o depoimento dos 12 militares envolvidos nas mortes do músico Evaldo Rosa dos Santos e do catador de materiais recicláveis Luciano Macedo, no dia 7 de abril de 2019. O adiamento da audiência, originalmente marcada para amanhã, foi concedido pela juíza federal Mariana Aquino Campos depois de um pedido feito pela defesa dos militares.

Ainda não há uma nova data para que os militares sejam ouvidos. Todos os 12 aguardam em liberdade.

O advogado dos militares, Paulo Henrique Melo, argumentou que um dos juízes que participaram do processo se aposentou recentemente e não foi formalmente substituído.

Ao todo, os militares dispararam 257 tiros durante a ocorrência em Guadalupe, zona norte do Rio, dos quais 83 atingiram o veículo em que Evaldo e a família estavam. Luciano, que prestava socorro às vítimas, também foi atingido pelos disparos e morreu dias depois de internado.

Em agosto, o depoimento já havia sido adiado, após a constatação de que a Polícia Militar não enviou para prestar depoimento, conforme solicitado pela defesa dos réus, PMs que chegaram ao local logo depois dos disparos em uma viatura Ford Ranger.

Em maio, o STM soltou os militares

A estratégia da defesa dos militares em pedir o adiamento do interrogatório se baseia no fato de eles responderem em liberdade pelo assassinato de Evaldo e Luciano. Em maio, por 11 votos a 3, os ministros do STM (Superior Tribunal Militar) decidiram conceder liberdade aos militares envolvidos na ação.

Eles haviam sido denunciados anteriormente pelo MPM (Ministério Público Militar) na Justiça Militar. Os militares são réus pelos crimes de duplo homicídio qualificado, tentativa de homicídio qualificado e por não terem prestado socorro às vítimas.

Em depoimento à Justiça Militar, as viúvas de Evaldo e Luciano disseram que os militares envolvidos na ação que matou seus maridos "debocharam" dos pedidos de socorro.

O que alegam os militares

Evaldo dirigia um Ford Ka Sedan branco, rumo a um chá de bebê, e transportava a mulher, um filho, o sogro e uma adolescente. Ao passar por uma patrulha do Exército na Estrada do Camboatá, em Guadalupe, o veículo foi alvejado por militares com 80 tiros.

O motorista morreu no local. O sogro ficou ferido, mas sobreviveu. O catador Luciano Macedo, que passava a pé pelo local, também foi atingido e morreu 11 dias depois de internado.

Inicialmente, o Comando Militar do Leste emitiu nota dizendo que a ação era resposta a um assalto e sugeriu que os militares haviam sido alvo de uma "agressão" por parte dos ocupantes do carro. A família contestou a versão e só então o Exército recuou e mandou prender dez dos 12 militares envolvidos na ação.

Um deles foi solto após alegar que não fez nenhum disparo. Os militares teriam confundido o carro do músico com o de criminosos que, minutos antes, havia praticado um assalto perto dali.

Os 12 militares são réus, mas nove chegaram a ficar presos: o tenente Ítalo da Silva Nunes Romualdo, o sargento Fábio Henrique Souza Braz da Silva, e os soldados Gabriel Christian Honorato, Matheus Santanna Claudino, Marlon Conceição da Silva, João Lucas da Costa Gonçalo, Leonardo Oliveira de Souza, Gabriel da Silva de Barros Lins e Vítor Borges de Oliveira.

Todos atuam no 1º Batalhão de Infantaria Motorizado, na Vila Militar, na zona oeste do Rio.

Carro de músico é fuzilado por militares no Rio; veja

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