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Comandante diz que ação do Exército que fuzilou 2 pessoas não é assassinato

General Ramos (à direita), comandante militar do Sudeste, participa de comemoração do Dia do Exército ao lado do presidente Jair Bolsonaro, em São Paulo - Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo
General Ramos (à direita), comandante militar do Sudeste, participa de comemoração do Dia do Exército ao lado do presidente Jair Bolsonaro, em São Paulo Imagem: Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Aiuri Rebello

Do UOL, em São Paulo

18/04/2019 14h42Atualizada em 18/04/2019 18h50

O general de Exército Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, comandante militar do Sudeste, afirmou no início da tarde de hoje que os 80 tiros disparados disparados por militares de uma patrulha do Exército que deixaram dois inocentes mortos e um ferido no Rio de Janeiro, no dia 7, não foi um assassinato.

"Houve uma fatalidade. O pessoal tem colocado assassinato, não é", afirmou o general aos jornalistas que acompanhavam a cerimônia do Dia do Exército, no Quartel General da Força em São Paulo. "Os soldados que estavam em missão na parte da manhã tinham sido emboscados. Quem como eu já esteve em uma situação dessa, de muita tensão, muito difícil... A gente, para julgar o que aconteceu, tem que esperar as investigações."

Até o momento as investigações, iniciadas pela Polícia Civil e depois assumidas pelo Exército, apontam que os soldados confundiram o carro alvejado com um ocupado por bandidos que tinham atacado a tropa mais cedo. O músico Evaldo Rosa dos Santos, 51, estava no veículo a caminho de um chá de bebê com a mulher, o filho de 7 anos, o sogro e um enteado. Ele morreu na hora na frente da família. Seu sogro segue internado no hospital.

Nove soldados do Exército estão presos pelo crime. O catador de materiais recicláveis Luciano Macedo, que tentou chegar ao carro para ajudar as vítimas dos disparos do Exército, também foi metralhado, estava em estado grave no hospital e morreu nessa madrugada. Ele deixou uma mulher grávida.

"Eu fui comandante das tropas no Haiti em 2012. Fiquei um ano comandando 19 países e situações extremamente graves: tiroteio quase todo dia... Posteriormente fui o responsável pela segurança da Copa do Mundo, e depois trabalhei junto ao ministro da Defesa na Olimpíada. São situações que a gente vivencia, extremamente difíceis e complexas... É uma fatalidade", explicou o comandante militar do Sudeste.

Apesar disso, o general lamentou o episódio. "É muito triste, lastimável. a gente não tem palavras para falar", afirmou. "Nós vamos dar uma resposta para o que aconteceu. Agora, é uma tristeza enorme, é a esposa, mãe... ninguém pode dizer que não é uma tristeza enorme, eu como cidadão fardado, a gente fica extremamente sentido. Que tenham força e que a gente vai dar uma resposta para o que aconteceu."

Bolsonaro, que participou da cerimônia nesta quinta-feira em São Paulo ao lado do general Ramos, já havia declarado sobre o episódio que "o Exército não matou ninguém", e que o caso foi um "incidente". Sobre a morte da segunda vítima dos tiros do Exército, o presidente não pronunciou-se até o início da tarde de quinta-feira.

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