PF vai investigar morte de líder indígena no Maranhão
A PF (Polícia Federal) vai apurar o assassinato do líder indígena Paulo Paulino Guajajara, segundo o ministro da Justiça Sergio Moro. Ele foi morto com um tiro no pescoço ontem na terra indígena de Arariboia, em Bom Jesus das Selvas, no Maranhão, durante um confronto com madeireiros. As circunstâncias exatas do assassinato ainda não estão claras.
"Não pouparemos esforços para levar os responsáveis por este crime grave à Justiça", escreveu Moro em nota. Uma equipe da PF já está a caminho do local do crime, segundo o ministério.
Também conhecido como Kwahu Tenetehar, Paulino é um dos Guardiões da Floresta, que patrulham o território indígena.
A região tem sido ocupada por madeireiros, o que gerou os embates. No confronto que vitimou Paulino, outro colega dele, Tainaky Tenetehar, levou um tiro nas costas e no braço, mas conseguiu escapar.
Os Guajajara formam um dos povos indígenas mais numerosos do Brasil. Habitam várias terras indígenas na margem oriental da Amazônia, todas no Maranhão.
"Guardiões"
Desde 2012, os chamados "guardiões da floresta", grupo formado por cerca de 180 indígenas, tentam proteger a região por conta própria —as terras indígenas do Maranhão sofrem invasões de grileiros e madeireiros há décadas.
"Território Arariboia perde mais um Guardião da floresta por defender o nosso território. Paulinho Paulino Guajajara foi morto numa emboscada por madeireiro", escreveu no Twitter a líder indígena Sonia Guajajara, ex-candidata a vice-presidente da República pelo PSOL. "É hora de dar um basta nesse genocídio institucionalizado. Parem de autorizar o derramamento de sangue de nosso povo!", completou.
O ISA (Instituto Socioambiental) também lamentou a morte de Paulino. "Toda a força aos guardõies da floresta do povo Guajajara, que protegem a floresta, seu território e os parentes isolados Awá Guajá", escreveu a ONG.
A ONG Survival International, que diz há anos apoiar o trabalho dos "guardiões", lamentou o assassinato. "Kwahu era totalmente dedicado a defender sua floresta e seus parentes isolados, apesar dos riscos. Era também uma das pessoas mais humildes que já conheci", disse em nota Sarah Shenker, membro da ONG que acompanhou o trabalho de Paulino no início do ano. "Ele sabia que poderia pagar com sua vida, mas não via alternativa, pois as autoridades não faziam nada para proteger a floresta e defender o Estado de Direito."
A ONG cita ainda uma declaração dada por Paulino a seus pesquisadores no início do ano: "Essas pessoas acham que podem vir aqui, em nossa casa, e se aproveitar de nossa floresta? Não. Nós não permitiremos isso. A gente não entra na casa deles e rouba, não é?"
(Com Reuters e DW)
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