Âncora de rádio é suspeito de aplicar golpe de pirâmide e lucrar R$ 6 mi
Daniela Mallmann
Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte
23/01/2020 22h01
A Polícia Civil de Minas Gerais cumpriu mandado de busca e apreensão, hoje de manhã, na casa do jornalista Bruno Azevedo, em um condomínio de alto padrão em Lagoa Santa (MG). Documentos e celulares foram apreendidos. Ele é investigado por supostamente ter aplicado golpe de pirâmide financeira em ao menos oito pessoas. Bruno não estava na residência no momento da busca e ainda não se manifestou.
Em novembro do ano passado, familiares do radialista da Itatiaia acionaram a polícia notificando o desaparecimento dele. Pouco depois, os parentes informaram que Bruno havia retornado para casa, e que as buscas poderiam ser encerradas. Ele ficou "sumido" por cinco dias.
Enquanto Bruno era procurado, algumas pessoas procuraram a Polícia Civil alegando ter sido vítimas de um suposto golpe praticado pelo jornalista. Ele passou, então, a ser investigado pelo crime de estelionato pelo Departamento Estadual de Combate à Corrupção e Investigação de Fraudes de Minas Gerais.
Segundo a polícia, Bruno se aproveitava da visibilidade que tinha como âncora da rádio e utilizava o nome do veículo para vender horários publicitários às vítimas.
"Na verdade, o golpe consistiu em uma pirâmide financeira. As pessoas envolvidas acreditavam se tratar de um investimento, teoricamente compra de horários de publicidade na rádio, e que seriam remuneraras com a venda destes horários", afirmou o delegado Marlon Pacheco em entrevista coletiva concedida na tarde de hoje.
De acordo com as investigações, o jornalista teria lucrado cerca de R$ 6 milhões de reais nos últimos dois anos.
"Ainda não conseguimos dimensionar a quantidade de vítimas. Nesta investigação, temos em torno de oito vítimas e perfis variados, alguns colegas de trabalho, outras pessoas que realmente se interessavam em ter algum retorno financeiro melhor do que o corrente no mercado, mas eram pessoas que tinham dinheiro para investir", acrescentou o delegado.
Segundo Pacheco, apesar de o inquérito incluir oito vítimas até o momento, a polícia acredita que o esquema já exista há cinco anos e que o valor arrecado pelo jornalista seja de cerca de R$ 10 milhões.
A pena para o crime de estelionato varia entre um e cinco anos de prisão.
Outro lado
As advogadas de Bruno Azevedo informaram que vão analisar os autos antes de se pronunciarem sobre o caso.
A Rádio Itatiaia não se manifestou até o momento. Bruno está afastado do grupo desde que foi declarado como desaparecido.
Desaparecimento
O jornalista desapareceu em novembro do ano passado depois de deixar uma carta para familiares e amigos alegando uma dívida milionária.
Segundo a polícia, ele teria se deslocado primeiramente para Patos de Minas (MG) e depois para Goiás, antes de retornar para Belo Horizonte.
"Anos sem dormir em paz ameaçado pelo dia seguinte. Estou com medo e desorientado. Não precisa me procurar. Não me acharão no país", dizia um trecho da carta deixada por Bruno.