Cabeleireira de 20 anos morre após realizar três cirurgias estéticas em BH
A cabeleireira Edisa de Jesus Soloni, 20, tinha um desejo de fazer uma lipoescultura, mas o sonho foi interrompido nesse sábado (12). A jovem morreu após realizar três procedimentos estéticos em uma clínica de cirurgia plástica em Belo Horizonte.
Edisa passou por três procedimentos na sexta-feira na clínica Belíssima. No sábado (12) o quadro da jovem piorou e ela foi encaminhada às pressas para o Hospital Felicio Rocho, também em Belo Horizonte, mas morreu no mesmo dia. No atestado de óbito a causa da morte foi embolia pulmonar.
"Era um sonho dela que ela estava planejando desde maio. Ela fez lipoescultura, glúteo e lipopapada", comenta Samea Soloni, irmã da cabeleireira.
A família da vítima alega que houve negligência do médico responsável pelo procedimento. De acordo com Samea, o cirurgião sabia que havia a recomendação para que a operação ocorresse em um hospital, mas manteve a indicação para a realização na clínica. A irmã de Edisa alega que o médico é dono da clínica Belíssima, onde ocorreu o procedimento cirúrgico. O nome do profissional não foi revelado.
"Ela fez todos os exames do pré-operatório, mas o risco cirúrgico dela apresentou uma pequena mancha no coração. Ela estaria apta para poder operar, mas somente em hospital e não em clínica", diz Samea.
Segundo a irmã, Edisa não teria antecedentes de problemas cardíacos e foi informada pelo médico que poderia ser feita a cirurgia na clínica. O estabelecimento informou, através de nota, que a paciente estava apta para fazer o procedimento na clínica e que o local conta com infraestrutura e alvará da Secretaria Municipal de Saúde para realização de operações.
De acordo com a clínica, o cirurgião plástico responsável pelo procedimento é integrante da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e exigiu todos os exames pré-operatórios.
A clínica também se colocou à disposição para prestar os esclarecimentos necessários e prestou condolências aos familiares da vítima. A Polícia Civil de Minas Gerais instaurou um inquérito para investigar o caso.
Desde ontem (14), familiares e amigos de Edisa fazem manifestações em frente à clínica em busca de respostas. "Não estamos bem. Queremos justiça", afirma Samea.
O UOL tentou falar com o médico responsável pelo procedimento mas não conseguiu contato. Em nota, o Hospital Dia, responsável pela clínica Belissima, informou que os exames pré-operatórios mostraram que a paciente estava apta para a cirurgia e ressalva que qualquer tipo de procedimento cirúrgico oferece risco. A Instituição ainda negou que possa ter ocorrido qualquer tipo de irregularidade.
"Podemos pedir a suspensão das atividades da clínica"
O delegado responsável pelo caso, Vinicius Dias, afirmou que o médico que realizou o procedimento não é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, ao contrário do que foi afirmado pela clínica por meio de nota. Segundo o delegado, o cirurgião é membro aspirante, o que pode agravar ainda mais a situação do profissional no decorrer das investigações.
"Ele é membro como aspirante e não efetivo... Como aspirante ele pode realizar alguns tipos de atividades, mas vale ressaltar que não sendo membro efetivo ele não é obrigado a seguir todo prontuário todas as regras técnicas estabelecidas pela sociedade médica brasileira e todos os procedimentos autorizativos para que ele possa fazer aquele tipo de cirurgia. Então, mais uma vez, ele pode ter incorrido em uma responsabilidade penal aí, fazer um procedimento que não tem essa autorização a sociedade brasileira", informou Dias.
Ainda conforme o delegado, nos documentos apreendidos na clínica na manhã de hoje foram encontradas incongruências em relação ao procedimento realizado, já que a paciente apresentou risco cirúrgico moderado e, mesmo assim, a cirurgia foi realizada na clínica. "Se a gente perceber que diante daquela documentação que foi apresentada e diante a colocação em risco da paciente no momento do procedimento cirúrgico, nós podemos pedir sim a suspensão das atividades da clínica nos próximos dias", acrescentou Dias.
Além do médico que realizou o procedimento, os médicos que foram omissos durante o processo podem responder por homicídio doloso ou culposo. As investigações continuam.
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