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Operação faz buscas na Prefeitura do Rio e em gabinete de vereadora

Gabinete de vereadora na Câmara do Rio é alvo de investigação - Júlio César Guimarães/Uol
Gabinete de vereadora na Câmara do Rio é alvo de investigação Imagem: Júlio César Guimarães/Uol

Herculano Barreto Filho, Gabriel Sabóia e Marcela Lemos

Do UOL e colaboração para o UOL, no Rio

06/10/2020 08h57Atualizada em 06/10/2020 13h54

A Polícia Civil deflagrou na manhã de hoje a Operação Brutus contra uma milícia que explora o comércio em Madureira, na zona norte do Rio. A Justiça decretou 46 mandados de busca e apreensão, e policiais realizam buscas na sede da Prefeitura do Rio de Janeiro, no gabinete da vereadora Vera Lins (Progressistas-RJ) na Câmara de Vereadores e também na Guarda Municipal.

As investigações são da Delegacia de Crimes contra Propriedade Imaterial e apontam que os milicianos extorquiam dinheiro de vendedores ambulantes, de lojas e supermercados da região. Um guarda municipal, que foi lotado no gabinete de Vera Lins até maio de 2019, é suspeito de envolvimento com a quadrilha. A vereadora não é investigada.

Por meio de nota, a defesa de Vera Lins negou relação da vereadora com a operação e disse que o servidor suspeito "foi devolvido ao seu órgão de origem há quase dois anos". "Trata-se de mais uma tentativa de interferência no processo eleitoral", disse o advogado James Walker Junior.

Um dos mandados de busca foi cumprido na Secretaria Municipal de Fazenda, localizada na sede administrativa da Prefeitura do Rio em Cidade Nova, região central.

Grupo envolve milicianos e servidores, diz polícia

Segundo as investigações, a milícia de Madureira se uniu a traficantes do morro da Serrinha e a outro grupo paramilitar que atua no bairro vizinho do Campinho, para reforçar a quadrilha.

A Polícia Civil informou que o grupo investigado é composto por milicianos, traficantes e funcionários públicos, entre eles, guardas municipais e servidores da prefeitura. "As investigações apontam que os criminosos são suspeitos de movimentar de R$ 60 mil a R$ 90 mil por semana com cobranças irregulares, além de envolvimento em homicídios."

Segundo os agentes, nove pessoas foram mortas nos últimos dois anos por supostamente não terem pago a propina exigida ou por briga entre facções rivais. O grupo está sendo investigado por formação de quadrilha, organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro.

Na operação de hoje, um homem foi preso em flagrante por porte de munição e contra outro suspeito foi cumprido um mandado de prisão —a identidade dos detidos não foi revelada.

A polícia esteve também no Campo do Falcon, área doada pelo governo do estado, para construção de uma unidade do Detran, mas que é ocupada por homens fortemente armados desde que a área passou às passou de milicianos. Hoje, no campo do Falcon novos produtos foram apreendidos.

O nome da operação é uma referência ao rival do personagem de desenhos Popeye, apelido de Genivaldo Pereira das Neves, que a polícia aponta como o chefe da quadrilha investigada.

A investigação é um desdobramento da Operação Esculhambação que ocorreu em abril do ano passado, atuando no comércio de produtos falsificados no bairro de Madureira. Na ocasião, foram apreendidas cinco toneladas de produtos.

O que dizem a Guarda Municipal e a Secretaria da Fazenda

Por meio de nota, a Guarda Municipal informou que está à disposição da Polícia Civil para colaborar com as investigações e abrirá sindicância para apurar a denúncia envolvendo os servidores.

Também por meio de comunicado à imprensa, a Secretaria Municipal de Fazenda diz desaprovar desvio de conduta de funcionários e que está à disposição polícia para colaborar com a investigação.