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SP: loja usa currículo de jovem como etiqueta em bolsa: 'Falta de respeito'

Currículo de jovem é usada em etiqueta de bolsa em loja no interior de São Paulo - Arquivo Pessoal/Montagem
Currículo de jovem é usada em etiqueta de bolsa em loja no interior de São Paulo Imagem: Arquivo Pessoal/Montagem

Simone Machado

Colaboração para o UOL, em São José do Rio Preto (SP)

06/10/2020 15h51

A autônoma Gabrielle Veiga Mestre, 20, teve uma surpresa nada agradável ontem ao se deparar com parte do seu currículo sendo usado para fazer etiquetas de preços para bolsas à venda em uma loja no centro de Jaboticabal, interior de São Paulo.

Foi a mãe da jovem que percebeu que havia a foto da filha na etiqueta feita à mão, ao ir até o estabelecimento comprar um presente. Inconformada, Gabrielle fez um post nas redes sociais relatando a situação.

"A minha mãe sempre compra na loja e ao olhar na vitrine viu que na etiqueta de preço tinha uma foto. Isso chamou a atenção dela e ao olhar de perto percebeu que meu currículo estava picotado e era a minha foto que estava na etiqueta", conta a jovem.

Diante da situação, a mãe de Gabrielle tirou uma foto da etiqueta e enviou para filha. A mulher ainda passou a olhar outras etiquetas que estavam em outros produtos da loja e encontrou outras partes do currículo da filha e também de outros candidatos.

"Eu fui olhando as etiquetas e foi caindo a ficha de que tudo ali eram currículos. A gente fica chateada, porque vejo o quanto ela está se esforçando para achar um trabalho e fica na esperança de alguém ligar chamando para uma entrevista. E ver que eles fazem isso com os currículos, a gente fica triste", conta Fabiana Veiga, mãe de Gabrielle, ao UOL.

Ao ver a foto tirada pela mãe, Gabrielle lembra que ficou surpresa e ao mesmo tempo indignada com a situação. Segundo a jovem, o currículo havia sido entregue na loja há menos de três semanas.

"Você dedica seu tempo para preparar um currículo, gasta um dinheiro que você já não tem para pagar transporte e levar seu material com a esperança que alguém vá olhar e te dar uma oportunidade... e eles fazem isso. Achei falta de respeito", diz.

Gabrielle conta que há dois anos deixou a casa dos pais para morar sozinha. Para se manter, a jovem trabalha como desenhista, além de fazer bicos como garçonete. No entanto, com a pandemia, a demanda de trabalho diminuiu e ela passou a buscar por um emprego fixo.

Pensando no aumento das vagas de emprego no comércio devido à chegada das festas de fim de ano, ela foi até o comércio central entregar currículos em busca de uma oportunidade de trabalho. Segundo a jovem, pelo menos 90 currículos foram entregues.

"Há mais de um ano eu estou procurando emprego, mas como tenho pouca experiência é difícil ter uma oportunidade e com a pandemia a situação ficou mais complicada", conta Gabrielle.

A reportagem do UOL entrou em contato com a loja de presentes por telefone e uma funcionária, que não quis se identificar, explicou que as etiquetas usadas para colocar preço nas mercadorias da loja são feitas à mão e houve um engano na hora de cortar as folhas.

Segundo a funcionária, para fazer as etiquetas são usadas apenas folhas em branco e os currículos são levados para o departamento responsável pelas contratações.

Ainda segundo a funcionária a etiqueta que aparecia a foto de Gabrielle já foi retirada da vitrine.