Polícia apreende arma que simula celular em Pernambuco
Policiais militares de Pernambuco apreenderam uma arma em formato de celular em Petrolina, no sertão. O artefato, calibre 38, foi descoberto em uma ação de rotina do 2º Batalhão Integrado Especializado (Biesp), e estava dentro de uma capa semelhante às usadas em telefones móveis.
Durante um patrulhamento no bairro João de Deus, a equipe decidiu revistar uma pessoa que, segundo a polícia, estava usando drogas. "Durante a abordagem, foram encontrados uma arma de fogo de marca e modelo não identificados de calibre 38, 9,13 gramas do entorpecente, uma balança de precisão, e uma tesoura", diz a corporação, em nota.
"É uma de calibre 38 com munição única. Ela tem um cão [mecanismo de disparo] que você arma, retira uma agulha e coloca a munição na parte de trás. O gatilho fica na parte da frente", relata o soldado Simonal, que participou da ação.
"A gente nunca tinha visto uma arma dessa. Ela cabe em uma capa de celular. Se um meliante quiser usar, ele retrai o cão e realiza um disparo sem que a pessoa possa perceber. Fica aí o alerta para os policiais ficarem atentos."
Para o especialista em armas e armeiro Francisco Silva, o artefato apreendido em Petrolina é inédito. Ele classifica a descoberta como "astúcia da bandidagem". "Olha, eu tenho muitos anos em empresas de segurança e também dou consultoria a estandes de tiro sobre manutenção e calibragem de armas, mas nunca vi uma igual a essa."
Silva explica que as armas mais comuns fabricadas artesanalmente simulam espingardas calibre 12 e pistolas de uso restrito das Forças Armadas.
Política armamentista
Professor e pesquisador do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), José Luiz Ratton lembra que a produção ilegal e artesanal de armas no interior do Nordeste Brasileiro sempre existiu. Agora, esta produção pode estar ganhando mais fôlego com o posicionamento do governo federal.
"O que pode estar ocorrendo neste momento é o seguinte fato: em um contexto político no qual o presidente da República terceiriza a política de segurança, estimulando as pessoas a se armarem, flexibilizando a legislação sobre posse e porte de armas, na contramão do que se faz no mundo todo, as pessoas passam a se sentir autorizadas a buscar soluções privadas desta natureza", afirma.
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