Grupo de PMs e ex-PMs no Ceará é investigado por sequestro e homicídios
Um grupo formado por policiais militares e ex-PMs está sendo investigado pela CGD (Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos Segurança Pública e Sistema Penitenciário do Ceará) pela prática de sequestro e homicídios no estado. Na última quinta-feira (5), dois supostos integrantes do grupo —um sargento da PM e um ex-PM— foram presos em flagrante pelos crimes de extorsão e sequestro em Maracanaú (CE), na região metropolitana de Fortaleza.
José Eliomar Nazareno, sargento da Polícia Militar do Ceará, e Wandson Luiz da Silva, ex-policial militar, foram presos em flagrante por policiais da DAI (Delegacia de Assuntos Internos) e da COIN (Coordenadoria de Inteligência) enquanto mantinham um homem sequestrado e estavam de posse do resgato pago pela família da vítima, que não teve o nome divulgado. Os dois ainda são apontados como integrantes de um grupo de extermínio formado por PMs e ex-policiais.
Segundo a polícia, o sargento e o ex-PM invadiram uma casa no bairro Jardim das Oliveiras, em Fortaleza, sequestraram um homem e exigiram à família da vítima pagamento de dinheiro para libertá-la.
Familiares da vítima relataram à polícia que homens invadiram o imóvel, se apresentaram como policiais civis e informaram que a vítima iria ser levada para prestar depoimento em uma delegacia. Pouco tempo depois, segundo relato dos parentes do homem sequestrado, sua mulher recebeu ligações telefônicas informando que se tratava de sequestro e exigindo resgate.
Assustados com a situação, os familiares da vítima efetuaram o pagamento exigido pelos sequestradores e acionaram a polícia. A vítima foi resgatada em um imóvel em Maracanaú e o dinheiro do resgate. O valor não foi divulgado.
O UOL tentou localizar a defesa dos investigados, sem sucesso.
Após o flagrante, o sargento José Eliomar Nazareno e o ex-policial militar Wandson Luiz da Silva foram conduzidos para a DAI, onde prestaram depoimento. O conteúdo dos depoimentos colhidos não foi divulgado para não atrapalhar as investigações sobre o grupo de extermínio investigado pela CGD.
O sargento está preso no presídio militar e o ex-PM foi levado para a Decap (Delegacia de Capturas e Polinter) da Polícia Civil do Ceará, mas depois foi transferido para uma unidade do sistema prisional do Ceará, onde os dois estão à disposição da Justiça.
A CGD informou que foram tomadas providências administrativas para apuração da conduta do sargento como policial militar. Segundo a CGD, Wandson Luiz da Silva era soldado e foi expulso da Polícia Militar em 2018 por adotar condutas incompatíveis com a função de policial militar. Ele já foi preso pelo menos quatro vezes.
Ex-policial tem antecedentes
Em maio de 2019, o ex-policial foi preso por violência doméstica suspeito de agredir uma ex-companheira, que estava grávida, no município de Pacatuba (CE), região metropolitana de Fortaleza. A mulher relatou à Delegacia de Defesa da Mulher de Pacatuba que foi espancada e ameaçada de morte por Silva. À época, ele negou as agressões e afirmou que a ex não aceitava o fim do relacionamento e teria quebrado o telefone celular da atual mulher.
Em maio deste ano, o ex-policial também foi preso por policiais do DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa) suspeito de assassinar a tiros Alisson Rodrigo Silva Rodrigues, 32, na praça da Igreja de Fátima, na avenida Treze de Maio, em Fortaleza. O crime ocorreu em 24 de agosto de 2018. Durante a prisão, a polícia apreendeu com Wandson uma pistola, munições, além de R$ 4.500, aparelhos celulares e mídias eletrônicas.
A vítima, Alisson Rodrigues, foi morta a tiros no dia 24 de agosto de 2018, ao sair do prédio do DHPP para almoçar antes de prestar depoimento sobre o assassinato de três policiais em um bar no bairro Vila Manoel Sátiro, em Fortaleza. Na véspera, o 1º sargento da PM, José Augusto de Lima, de 58 anos, o 2º tenente Antônio Cezar Oliveira Gomes, de 50 anos, e o subtenente Sanderley Cavalcante Sampaio, de 46, foram assassinados durante a folga. Seis pessoas foram apontadas como autores do triplo homicídio —sendo mandantes e executores.
Após o assassinato dos três militares e de Alisson Rodrigues, a polícia descobriu que Wandson Luiz da Silva e outros PMs e ex-PMs estariam atuando em assassinatos no Ceará. O caso foi repassado para ser investigado pela CGD.
Em 2017, ex-policial militar foi preso em flagrante com um veículo roubado, três armas de fogo, munições, duas balaclavas, uma farda dos Correios, dois telefones celulares e uma corda para rapel.
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