'Estamos despedaçados', diz mãe de ciclista que morreu atropelada em SP
A mãe da pesquisadora e cicloativista Marina Harkot, 28, que morreu no início da madrugada de ontem após ser atropelada enquanto andava de bicicleta em uma via do bairro de Pinheiros, em São Paulo, disse que a família está "totalmente despedaçada". Marina morreu no local e o motorista fugiu sem prestar socorros.
Ontem, ciclistas fizeram uma homenagem para ela na avenida Pacaembu, zona oeste da cidade, em frente ao local onde o velório foi realizado. Os pais de Marina saíram na sacada e a mãe dela fez um pronunciamento.
"Marina é minha filha primeira, muito amada, muito determinada, muito idealista. A gente está totalmente despedaçado. Estava construindo uma casa com o marido, um amor, uma vida futura. Estudando, fazendo doutorado, engajada. Obrigada por vocês estarem aqui e a luta continua, de verdade. Estamos juntos, gente. Muito obrigada", disse a mãe dela, em imagens exibidas pela TV Globo.
Motorista fugiu sem prestar socorro
O atropelamento ocorreu pouco depois da meia-noite de ontem, na avenida Paulo VI, próximo à rua João Moura.
Mariana Braga, enfermeira e policial militar que estava de folga, passava pelo local quando percebeu uma movimentação. Ela conta que não chegou a presenciar o atropelamento, mas decidiu parar para prestar assistência ao ver a ciclista caída no chão.
Pouco depois, de acordo com Mariana, um motoqueiro que disse ter seguido um Hyundai Tucson após ver o carro atingir a ciclista e, em seguida, fugir, apareceu no local. Ele informou o que seria a placa do veículo.
O caso foi registrado no 14º DP, em Pinheiros. A identificação do carro consta do documento, mas não há a confirmação de quem estava dirigindo. Em nota enviada ao UOL, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) informou que a Polícia Civil tenta identificar o condutor.
A SSP afirma que o delegado conseguiu contato com o homem que consta como proprietário do veículo, mas que ele disse ter vendido o carro em 2017. Segundo a secretaria, o homem se comprometeu a apresentar o documento de transferência de propriedade do automóvel à polícia.
'Brilhante, querida e carismática'
A arquiteta Carol La Terza, amiga de Marina, diz que a ciclista estava voltando para casa após ter visitado uma outra conhecida. "Ela costumava fazer esse caminho, era o preferido dela", diz.
Carol, que também é cicloativista, conta que conheceu Marina pedalando. "Oito anos atrás eram poucas mulheres que pedalavam em São Paulo. Ficamos muito amigas de cara e meio que viramos unha e carne uma da outra", diz.
Ela descreve Marina como uma pessoa "brilhante, querida e carismática". "Só machuca mais o fato de a gente perder uma das melhores pessoas dessa pauta da mobilidade, e desse jeito, ainda por cima".
A arquiteta diz que a perda da amiga será sentida por toda a rede de cicloativistas de São Paulo e afirma que vai tirar forças para continuar batalhando pela pauta.
* Com informações da reportagem de Ana Carla Bermúdez, do UOL, em São Paulo
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