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Curitibano perde pai e mãe no mesmo dia; um não soube da morte do outro

Mãe de Felipe Tiago Morais morreu em decorrência da covid-19, enquanto pai teve um ataque cardíaco - Acervo pessoal
Mãe de Felipe Tiago Morais morreu em decorrência da covid-19, enquanto pai teve um ataque cardíaco Imagem: Acervo pessoal

Vinicius Boreki

Colaboração para o UOL, em Curitiba

12/11/2020 13h57

Felipe Tiago Morais, de 23 anos, e a irmã, de 13, perderam o pai e a mãe no último dia 4. A mãe, que estava internada devido à covid-19 e não resistiu a doença, enquanto o pai, de 62 anos, teve um ataque cardíaco dentro de uma agência bancária em Curitiba. Os pais nem sequer souberam da morte um do outro.

"Minha mãe precisou fazer uma cirurgia neurológica para retirada de um tumor. Já vinha com essas dores há algum tempo. Ela conseguiu fazer a cirurgia, que foi bem-sucedida", conta Felipe. "Quando ela voltou para casa, teve algumas reações e teve que ir constantemente aos hospitais. Numa dessas visitas, ela deve ter tido contato com a covid-19, pois não estávamos saindo de casa durante a recuperação dela", diz.

Quando os sintomas da mãe se agravaram, ela foi para uma unidade de saúde e, de lá, para um hospital. "Ficou bastante tempo internada, aproximadamente três semanas, e veio a óbito. No mesmo dia, nosso pai ia ao banco. Eu estava esperando ele retornar para casa para comunicar a morte da minha mãe quando soube que ele faleceu de um infarto no banco", diz.

Vaquinha virtual

Felipe trabalha de auxiliar administrativo em uma loja de ternos no centro da capital paranaense e conta que a situação financeira já não era favorável desde 2017.

"Eu tranquei a faculdade no último ano de Educação Física por problemas financeiros. Nossa casa foi leiloada no ano passado e, devido a tudo que aconteceu, não consegui me reunir com os advogados que cuidam do caso para saber a situação exata. Não sabemos se teremos que sair", diz.

Uma arrecadação de recursos virtual foi criada e já obteve aproximadamente R$ 34,6 mil até o fechamento desta matéria, com mais de 400 doadores. "Esse dinheiro será usado para pagar as contas que estão por vir, outras que estão atrasadas", conta Felipe. Os funerais dos pais serão custeados pelos tios.

A ideia é que os recursos também possam ser aplicados para eventuais necessidades de sua irmã. "Não esperávamos um apoio tão grande, não só financeiro. Muitas pessoas estão oferecendo ajuda, como consultas psicológicas. Minha irmã obteve até mesmo uma bolsa de estudos para que possa garantir seus estudos até o Ensino Médio", diz.