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Covid-19: Paciente morre após esperar 12 dias por leito de UTI no Rio

Após esperar 12 dias por um leito de UTI, Dilma Miranda morreu hoje, durante uma transferência entre hospitais Imagem: Arquivo pessoal

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

08/12/2020 10h49

Após esperar 12 dias por um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), a paciente Dilma Miranda, de 61 anos, morreu na madrugada de hoje, durante uma transferência entre o Hospital Federal do Andaraí e o Hospital Ronaldo Gazolla, ambos na zona norte do Rio de Janeiro. Apesar de apresentar todos os sintomas compatíveis com o quadro da covid-19, a paciente permaneceu por seis dias sendo medicada em uma cadeira no Hospital do Andaraí.

Só após o exame confirmar a infecção pela doença é que Dilma foi transferida para uma enfermaria isolada. Segundo a família, o quadro de saúde da mulher era grave. Ela foi intubada e esperou mais seis dias para conseguir um leito de UTI destinado aos pacientes diagnosticados com coronavírus.

A vaga foi disponibilizada somente ontem à noite. Na ambulância, ainda no hospital do Andaraí, a mulher teve a primeira parada cardíaca, o que se repetiu ao chegar ao Ronaldo Gazolla. Dilma morreu à 1h53 de hoje.

A filha da paciente, Walquiria Miranda, contou ao UOL, hoje pela manhã, que o quadro da mãe só piorou, durante a internação no hospital do Andaraí.

"Ela deu entrada no hospital devido a um problema vascular, mas já tinha apresentado falta de ar. Ela precisou de oxigênio para fazer um raio-x no pé. Tinha uma bolha que foi só piorando com o passar dos dias, mas tinha também todo o quadro da covid. A gente precisa saber, agora, se ela estava apta a ser transferida, me parece que não. No Andaraí, uma profissional havia me dito que o quadro de saúde dela era bem grave, de insuficiência respiratória."

De acordo com Walquiria, nem entrando na Justiça os parentes conseguiram agilizar o processo de transferência da paciente. O hospital chegou a negar à família um laudo sobre o estado de saúde da mãe dela, disse ela.

"Foram três liminares. Na primeira vez, pedimos uma vaga no CTI, mas foi negado por falta de laudo. Depois a Justiça ordenou que o oficial de Justiça deveria colher o laudo, só que não tinha médico. Não tinha diretor. Ele teve que ir até a emergência e intimar uma médica a dar o laudo da minha mãe. Ela já estava sedada."

Após obter o documento, a família precisou esperar um leito vagar, pois já existia uma fila de pacientes aguardando internação em UTIs. No entanto, Dilma não resistiu ao tempo de espera. O atestado de óbito informa que a mulher morreu por pneumonia em decorrência de covid-19.

Além de criticar o atendimento na unidade de saúde, Walquiria reforçou que não era informada sobre o estado de saúde da mãe.

"Ficamos sabendo no hospital que ela foi intubada, entregaram os pertences dela, disseram que não conseguiram falar com a gente. Depois, não nos avisaram da transferência. Ficamos sabendo pela TV. Chegamos ao hospital meia-noite, minha mãe já estava na ambulância com parada cardíaca, e eles tentando reanimá-la. Fomos atrás da ambulância. Ela chegou à 1 hora no Ronaldo Gazolla e foi levada para uma sala onde ficou 50 minutos", contou a filha.

Secretaria de Saúda se manifesta

Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que a paciente deu entrada no Hospital Ronaldo Gazolla em ambulância avançada, proveniente do Hospital Federal do Andaraí. Segundo a pasta, Dilma apresentava quadro gravíssimo e extremamente instável. A informação sobre a parada cardiorrespiratória sofrida pela paciente dentro da ambulância também foi confirmada, e a situação, revertida pela equipe.

"A paciente foi recebida na sala do Time de Resposta Rápida do Gazolla, onde foi feito todo o possível para estabilizar o quadro. Infelizmente, apesar de todos os recursos, a estabilização não foi possível e a Sra. Dilma sofreu uma segunda parada cardiorrespiratória, falecendo nesta terça-feira", comunicou a SMS.

"A direção do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla lamenta o falecimento da Sra. Dilma e está à disposição da família para mais esclarecimentos sobre o atendimento prestado na unidade."

O Hospital Federal do Andaraí ainda não se manifestou sobre o caso.

Faltam leitos no Rio

De acordo com último balanço da prefeitura do Rio, os hospitais municipais estão lotados e não há mais vagas de UTI para tratar pacientes com a covid-19. Todos os 288 leitos para casos graves estão ocupados. Há previsão de abertura de novas vagas.

Levando em consideração toda a rede SUS da capital, ou seja, incluindo leitos de unidades estaduais e federais, a taxa de ocupação é de 92% nos leitos de UTI e 87% nos leitos de enfermaria.

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