MP denuncia suspeito de matar os pais para não ir à clínica de reabilitação
O Ministério Público do Ceará denunciou ontem à Justiça um homem suspeito de assassinar os próprios pais após descobrir que os genitores pretendiam interná-lo em uma clínica de reabilitação para dependentes químicos.
O motorista Ubiraci Lima de Freitas, de 54 anos, e a dona de casa Maria Silva de Freitas, de 55, dormiam quando teriam sido esfaqueados pelo filho dentro do quarto. O crime foi cometido na manhã do dia 18 de novembro na comunidade de Marrecos, município de Acarape, a 62 km de Fortaleza.
Rafael Silva de Freitas, 33, que foi preso em flagrante, teria utilizado duas facas durante o ataque. Ele responderá por homicídio triplamente qualificado — motivo fútil, meio cruel e impossibilidade de defesa das vítimas. Se for condenado, a pena máxima prevista no Código Penal é de até 30 anos de prisão.
O UOL não conseguiu localizar a defesa de Rafael, feita pelo advogado Francisco José Costa Soares, segundo consta no processo sobre o caso. Se enviado, seu posicionamento será registrado nesta reportagem.
"Frieza no depoimento"
Na denúncia apresentada à Justiça, a promotora Maurícia Marcela Cavalcante Mamede Furlan afirma que Rafael demonstrou frieza durante seu depoimento à polícia. Ao detalhar como matou os genitores, o acusado contou que, antes de esfaqueá-los, os ordenou que ficassem ajoelhados.
Antes de serem golpeados, Ubiraci e Maria ainda conseguiram fechar a porta do cômodo, mas Rafael conseguiu arrombá-la. De acordo com a promotora, embora tenha confessado o crime, o acusado alegou ter sofrido uma suposta perturbação mental.
"Relatou que achava que o pai era um demônio e que ele era Jesus Cristo. Desta forma, possuía o direito de matar seus genitores", afirmou Maurícia Furlan.
Além de denunciá-lo judicialmente, a promotora também solicitou a manutenção da prisão preventiva de Rafael. Na peça judicial, ela informa que ele será submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri.
Homem diz que "pais esboçaram terror"
Em seu depoimento, Rafael relatou que os pais "esboçaram terror quando estavam sendo esfaqueados" por ele.
Um cunhado do acusado disse em depoimento que, assim que adentrou a residência, o presenciou esfaqueando o pai. Ele disse que chegou a entrar luta corporal com Rafael, que tentou fugir do local, mas acabou sendo amarrado com um acorda até a chegada da polícia.
Ainda conforme o cunhado, o acusado fazia uso abusivo de álcool e drogas e, por isso, tinha histórico de desentendimentos com os pais. Numas dessas desavenças, ele teria agredido o pai.
Para o Ministério Público, o inquérito policial possui provas suficientes da materialidade e autoria do duplo homicídio, em especial pelas provas orais colhidas pela autoridade policial e pelos laudos cadavéricos.
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