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PM posta ameaça a moradores após homem ser morto na Cidade de Deus

Em post no Facebook, PM ameaça moradores da Cidade de Deus - Reprodução/TV Globo
Em post no Facebook, PM ameaça moradores da Cidade de Deus Imagem: Reprodução/TV Globo

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

05/01/2021 09h37Atualizada em 05/01/2021 14h25

Um policial, identificado como Ruben, usou uma rede social para ameaçar moradores da Cidade de Deus, na zona oeste do Rio, que acusaram a PM (Polícia Militar) de ser a responsável pela morte de um homem que ocorreu ontem na região.

"Vocês que estão achando que foi a PM que matou o rapaz embaixo da Linha Amarela [via expressa que liga as zonas norte e oeste da cidade]. Foi vagabundo que acertou o cara. Querem colocar na nossa conta (...) Se sair para fazer gracinha, vão se machucar", disse o policial na postagem.

Procurada, a corporação informou ao UOL que "o comando do 18º BPM (Jacarepaguá) já está ciente da postagem e convocou o policial para ser ouvido". A PM disse ainda através de nota que um procedimento apuratório interno foi aberto para avaliar a conduta do militar.

De acordo ainda com a mensagem publicada nas rede social, o PM disse que estava de fiscal de dia, no momento da morte, e afirmou que não foi nenhum dos policiais que atirou na vítima. A postagem foi apagada.

Marcelo Guimarães, 38, foi morto com um tiro de fuzil quando seguia para o trabalho. De acordo com a família, ele tinha ido deixar o filho de 5 anos numa escolinha de futebol, no bairro da Gardênia Azul, na mesma região, e foi atingido ao voltar para casa para buscar o celular. Familiares acusaram a PM de ser a responsável pela morte.

Primo contesta que vítima era bandido

O primo de Marcelo, Leandro Guimarães, contestou informações falsas que circulam na internet que afirmam que a vítima era bandido.

"Ele não mora na Cidade de Deus. Nada contra a Cidade de Deus, mas ele passa por ali normalmente, como eu passo de carro, de moro. Não foi uma fatalidade. Teve negligência. A testemunha disse que não houve troca de tiro. Não sei por que houve aquele disparo. Eu vou lutar incansavelmente" afirmou.

"Meu primo não era vagabundo como colocaram aqui uma foto de um vagabundo de fuzil. Nunca foi. Que vagabundo é esse que tem carteira assinada? Que a moto está no nome? Não teve nenhuma abordagem policial para ele poder mostrar habilitação. Essa tentativa de confronto caiu por terra."

Marcelo deixou dois filhos: um menino de 5 anos e uma menina de 19. De acordo com Leandro, a criança acordou chamando pelo pai na manhã de hoje.

"Foi uma luta hoje de manhã. Cadê meu papai? Cadê meu papai? Vamos ter que enganar o garoto dizendo que ele está viajando e virou uma estrelinha. Meu primo foi arrancado da gente".

DH investiga o caso

A Delegacia de Homicídios da capital instaurou um inquérito para apurar a morte. De acordo com a Polícia Civil, os policiais militares informaram que dois PMs estavam no local com um blindado quando traficantes dispararam contra o veículo.

De acordo com os depoimentos prestados, um dos policiais revidou apenas com um tiro para que o outro agente pudesse entrar no veículo.

"Após o fato, testemunhas foram ouvidas e os policiais militares que participaram da ação também prestaram esclarecimentos na delegacia. A perícia foi realizada no local do crime, um cartucho foi apreendido".

A Polícia Civil disse ainda que vai analisar se o projétil encontrado confere com as armas dos policiais.

O governador em exercício do Rio, Claudio Castro, informou pela sua conta no Twitter na manhã de hoje que os envolvidos no caso serão punidos.

"Quero demonstrar minha solidariedade e enviar meu pesar à família de Marcelo Guimarães. É nosso compromisso estar perto do cidadão nesse momento de dor. Determinei que a Subsecretaria de Vitimados acompanhe os familiares e amigos do Marcelo. Todas as circunstâncias em que este crime ocorreu estão sendo apuradas e os envolvidos serão punidos".