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PM agride moradores em Bauru (SP) após confusão com vizinho policial; vídeo

Felipe de Souza

Colaboração para o UOL, em Campinas (SP)

04/01/2021 09h40

A comerciante Jocimara Fabiana da Silva, 37, registrou um boletim de ocorrência por abuso de autoridade após policiais militares invadirem e agredirem participantes de uma festa que aconteceu no último sábado (2), na casa dela em Bauru, interior de São Paulo. A Corregedoria da PM investiga o caso.

Em entrevista ao UOL, a comerciante contou que a comemoração era para marcar o aniversário de 16 anos da filha e reuniu aproximadamente 12 pessoas, entre parentes e amigos da jovem — alguns que ela conhecia, outros não.

Cerca de quarenta minutos após o início da confraternização, por volta das 18h, Jocimara ouviu uma discussão entre alguns jovens que estavam do lado de fora da casa, que fica na Vila Industrial, com um vizinho da família, policial militar, que estava de folga. Ao sair com o marido, ela conta que foi xingada.

"A discussão aconteceu porque dois meninos estavam fumando maconha próximos ao portão dele, e ele mandou que saíssem dali. Os garotos estavam saindo, numa boa, sem discussão, quando o homem começou a xingá-los de 'vagabundos' e começou a empurrá-los", lembra.

Jocimara afirma que não sabia que os garotos estavam usando drogas e que, quando o marido saiu para tentar conversar com o vizinho, o homem já estava alterado.

"Ele estava fora do normal, não é possível. O policial xingou meu marido, me ofendeu quando também fui tentar conversar, disse que eu era 'vagabunda', que não prestava. Aí a confusão começou. Todos na festa cercaram o policial, só que não houve nenhum tipo de contato físico, era mais a discussão. Então, conseguimos convencer todos a voltarem para dentro de casa. E pensávamos que tudo tinha acabado", disse.

Porém, aproximadamente 10 minutos depois da confusão, Jocimara ouviu um barulho na rua. Ao abrir o portão, ela disse ter visto pelo menos 10 viaturas da PM antes dos integrantes da corporação e o vizinho invadirem a residência.

"Foi uma coisa surreal. O vizinho chegou e me deu um soco no rosto, depois veio outro com um cassetete. Meu cunhado, que tinha acabado de chegar e não sabia de nada que tinha acontecido, também foi espancado. Tinha criança na piscina, e eles com arma em punho", contou.

A comerciante declara que os policiais ficaram mais de quarenta minutos na casa procurando supostas drogas. "Não tinha mandado de busca e apreensão, e na minha casa não tinha droga. Parecia até que eles queriam 'plantar' alguma coisa", argumenta.

Jocimara lembra ter visto o vizinho 'conduzindo' os companheiros de farda, o que considera ilegal. "Parecia que estavam invadindo a casa de um bandido extremamente perigoso. Mas era só de uma família. Deveria ter levado todo mundo para a delegacia, não fazer o que fizeram", completa.

A comerciante conta que nunca conversou com o vizinho antes da briga. Apenas sabia que ele era policial militar.

PM agride moradores após confusão com vizinho em Bauru, no interior de São Paulo - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
PM agride moradores após confusão com vizinho em Bauru, no interior de São Paulo
Imagem: Reprodução/Facebook

BO foi registrado e Corregedoria acionada

Ao todo, quatro pessoas ficaram feridas e foram levadas ao Pronto-Socorro Central de Bauru. Uma delas precisou levar quatro pontos na testa, já as demais ficaram com hematomas. Todas as vítimas já passaram por exames de corpo de delito no fim de semana.

Um boletim de ocorrência foi registrado por Jocimara na Central de Polícia Judiciária, por abuso de autoridade e agressão. O caso também foi levado para a Corregedoria da PM, que começa a ouvir as testemunhas a partir de hoje.

A Secretaria de Segurança Pública informou que "o caso é investigado pela Central de Polícia Judiciária de Bauru como abuso de autoridade e lesão corporal. A equipe policial realiza diligências. Os envolvidos prestarão depoimento nos próximos dias. A Polícia Militar acompanha e apura os fatos por meio de IPM. A PM não compactua com desvios de conduta de seus agentes".

O policial de folga não foi localizado pelo UOL para comentar o que aconteceu.