ONG exige que cão que foi ajudado por irmão não seja separado em adoção
Após a cena atípica na qual um vira-lata atropelado recebia ajuda do possível irmão biológico, no domingo (14), em Iguatu (CE), município a cerca de 370 km de Fortaleza, os animais foram resgatados por uma ONG e estão abrigados em uma residência de forma temporária, onde recebem tratamento e aguardam adoção.
O animal tentou puxar com as patas o outro cachorro para a calçada, tentando também acudi-lo. Um dia após o acidente, a ONG Adota Iguatu realizou o resgate do animal ferido. Não houve registros do veículo que causou o atropelamento.
De acordo com Marina Assunção, de 35 anos, que é enfermeira e atua como voluntária da ONG há mais de dez anos, o cão atropelado não apresentou fratura após exames solicitados por veterinário, mas aparenta comportamento estranho.
Segundo ela, o animal anda para um lado, para o outro e depois cai no chão, como se estivesse desnorteado. "Ele anda, levanta, fica em pé, depois cai, levanta de novo e não olha fixo em um local. Às vezes anda em círculo. Ele não demonstra que recebe atenção", disse preocupada.
Apesar da provável sequela que está sendo analisada por uma equipe veterinária, Castanha, como foi batizado o cão em homenagem à dupla de embolada pernambucana Caju e Castanha (o outro cão ficou com o nome Caju), apresentou melhoras e aguarda apenas o aval médico para ser liberado para adoção.
"Eles só serão adotados quando estiverem bem, ou quando o veterinário vir que ele não vai ficar 100% normal, só vai quando finalizar o tratamento", conta Marina, que deixou a dupla na casa de uma amiga de forma provisória: "Está em uma casa de uma amiga, que está desocupada, E estão fazendo tratamento com antibiótico para evitar a doença do carrapato", diz.
Não é possível afirmar que Caju e Castanha são irmãos biológicos, mas o fato de serem parecidos, aparentarem ter a mesma idade (entre 9 meses e 1 ano) e o vínculo afetivo, reforça a possibilidade de parentesco. Durante o resgate, que aconteceu na segunda-feira (15), pela manhã, o cão não deixou que os socorristas se aproximassem do animal ferido, e chegou a tentar a atacar a equipe.
"Quando chegou o resgate, o irmão não queria deixar a gente encostar, latindo, vinha para cima da gente", conta Marina, que diz que teve que ganhar a confiança do cachorro protetor para conseguir colocar o ferido no carro, que logo foi acompanhado pelo possível irmão.
Candidatos à adoção passarão por entrevista rigorosa
A ONG tem receio de que pessoas queiram se aproveitar da repercussão do caso para adotar os animais. Por isso, os candidatos a adotar a dupla passarão por uma entrevista "bem rigorosa" se quiserem assumir a responsabilidade.
"A pessoa que for adotar vai passar por uma entrevista bem rigorosa. Todos os animais são lindos demais, mas essa dupla é sem igual. (Para a entrevista) a gente vê o local que ele vai ficar, se (o candidato) já criou outros animais, se tem outros animais, se a pessoa quer mesmo o animal ou se quer se aproveitar da repercussão", relata.
A repercussão do caso foi tanta que a vaquinha de arrecadação da ONG atingiu a meta de R$ 5 mil em pouco tempo. No entanto, o valor é para o tratamento de animais em geral, e não só para a dupla acolhida no início da semana. Marina diz que os voluntários da organização costumam tirar dinheiro do próprio bolso para tratar os animais.
"Sempre na base de doações, a gente resgata os animais e faz arrecadação para pagar os custos e às vezes é dinheiro do nosso bolso. A gente já teve bastante ajuda nesse caso. Geralmente o que arrecadamos de doações não dá para o tratamento", diz a enfermeira e voluntária.
Além do acidente, os cães estão sendo medicados com antibiótico para eliminar a grande quantidade de carrapatos. Por enquanto, Caju e Castanha seguem à espera de um novo lar.
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