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SP: a viagem contra o tempo para um menino de 6 anos ganhar um novo coração

Vitor Ribas da Silva, 6, passou por um transplante de coração no interior de São Paulo - Divulgação/HCM
Vitor Ribas da Silva, 6, passou por um transplante de coração no interior de São Paulo Imagem: Divulgação/HCM

Simone Machado

Colaboração para o UOL, em São José do Rio Preto (SP)

22/02/2021 16h55

O pequeno Vitor Ribas da Silva, de apenas 6 anos, ganhou uma nova chance de viver. A criança recebeu um transplante de coração na tarde de ontem, no HCM (Hospital da Criança e Maternidade), em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo.

O novo órgão do garoto foi doado pela família de um jovem de 24 anos que sofreu morte encefálica, em Ribeirão Preto.

De acordo com os médicos, no fim do ano passado, Vitor foi diagnosticado com miocardiopatia dilatada, que é uma doença do músculo do coração que impede o bombeamento adequado de sangue para o corpo.

A criança está internada desde o dia 13 de novembro no HCM e no dia 4 de janeiro entrou para a fila de transplante de coração.

Força tarefa

Para transportar o órgão e possibilitar que o transplante fosse realizado uma força tarefa foi montada. Além da equipe médica dos dois hospitais — da retirada e da implantação do órgão —, dezenas de policiais militares foram mobilizados para ajudar na ação.

Segundo o HCM, por volta das 5h30 a Central de Transplante do Estado de São Paulo informou que havia um possível doador do órgão para Vitor.

A cidade do doador, Ribeirão Preto, fica a cerca de 200 km de São José do Rio Preto, cidade onde o menino está internado. Para fazer o transporte era necessário muita rapidez, por isso a PM foi mobilizada e foi necessário a ajuda do helicóptero Águia para buscar o novo coração de Vitor.

"A logística de retirada do órgão, transporte e o transplante precisa ser muito bem pensada e acontecer rapidamente. Um coração aguenta cerca de 3 horas fora do corpo, por isso é muito importante contar com o apoio da PM para ajudar no transporte nesse tipo de situação", explica Carlos Henrique de Marchi, cardiologista pediatra.

Equipe médica transporta coração de Ribeirão Preto para São José do Rio Preto, no interior de São Paulo - Divulgação/HCM - Divulgação/HCM
Equipe médica transporta coração de Ribeirão Preto para São José do Rio Preto, no interior de São Paulo
Imagem: Divulgação/HCM

O órgão foi retirado às 14h30 e foi implantado às 17h11, totalizando 161 minutos de coração parado.

De acordo com o hospital, a criança reagiu bem à cirurgia, está estável, se recuperando rápido e nem precisou de muitas medicações. Vitor está internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para acompanhamento. Devido à complexidade que é o transplante ainda não há previsão de alta para a criança.

"O problema cardíaco dele estava evoluindo muito rápido, por isso quando ficamos sabendo que surgiu um doador toda a equipe médica ficou muito feliz. É um sentimento de gratidão enorme", diz o médico.

Doação entre adultos e crianças

O cardiologista pediatra Carlos Henrique de Marchi explica que é comum que o coração de um adulto seja transplantado em uma criança, já que a doação de coração infantil é rara.

"A taxa de mortalidade de criança é bem menor e isso faz com que o número de doação de coração infantil também seja pequeno. Normalmente as crianças que estão na fila da doação de coração tem cardiopatias que dilatam o órgão e por isso é possível transplantar um coração adulto nessa criança", explica o médico.

Ainda segundo o especialista, um dos fatores que é levado em consideração na hora de verificar se o órgão poderá ser transplantado é o peso do doador e do receptor.

"A diferença de idade entre receptor e doador não é muito levada em consideração, mas sim o peso deles deve ser considerado. O doador deve ter no máximo três vezes mais o peso da criança que vai recebê-lo. Se esse peso estiver dentro dessa média o transplante pode ser realizado", acrescenta o cardiologista pediatra.