Após parto de emergência, mãe com covid conhece filho por videochamada
Ed Rodrigues
Colaboração para o UOL, no Recife
26/03/2021 15h02Atualizada em 26/03/2021 16h50
Mãe e filho foram apresentados por videochamada em um hospital de Sobral, no Ceará, após um parto de emergência provocado pela covid-19.
Fabiana Sousa, de 31 anos, conta que começou a sentir os sintomas da doença no sexto mês de gestação. Em um primeiro momento, ela teve apenas um mal-estar leve e continuou o tratamento em casa, mas não demorou muito para que a situação se agravasse, a obrigando a procurar o hospital, no último dia 4.
"Procuramos uma UPA e fizemos o teste. Quando deu positivo, me receitaram medicamentos e fiquei em observação em casa mesmo. Mas foi piorando. Não aguentei mais e busquei o hospital", detalhou.
Pouco depois, foi necessário induzir o parto para proteger a saúde do bebê. Fabiana saiu da sala de cirurgia direto para uma UTI-covid, enquanto o pequeno Benjamin seguiu para os cuidados da UTI Neonatal.
"Só me lembro de ouvir o choro dele. Eu apaguei. Quando acordei já estava na UTI", lembrou a moça.
O primeiro encontro dos dois, adiado pela doença, aconteceu alguns dias depois, por meio da tecnologia.
Por sugestão da equipe médica, mãe e filho "se conheceram" por uma videochamada. O momento, gravado pelas enfermeiras, fez sucesso nas redes sociais.
No vídeo, Fabiana canta para o pequeno Benjamin.
"Sempre cantava para ele. A gente conversava muito. Mesmo por telefone, ele conheceu minha voz. Foi um sentimento tão forte. Só tenho a agradecer ao pessoal do hospital", declarou a ex-paciente, que após 12 dias se recuperando da covid-19, já pode carregar o filho nos braços.
Contato visual
Segundo a psicóloga Beatriz Albuquerque, que integra a equipe que atendeu a família, o contato visual entre pais e filhos possibilita um melhor desenvolvimento da criança.
"A aproximação é importante para a mãe, que concretiza a imagem do bebê, e para a criança, que é estimulada pelos sentidos", ressalta.
Beatriz acrescentou que o tratamento de um prematuro compreende também estimular as sensações que o bebê tinha no ventre da mãe.
"Durante as videochamadas, pedimos que os pais conversem com as crianças e elas sempre têm uma reação a esse estímulo", ressaltou.
Benjamin nasceu com 29 semanas e seis dias de gestação. Ele ainda segue na UTI Neonatal da unidade de saúde. No entanto, ao contrário da mãe, a criança testou negativo para o vírus.