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Caso Ketelen: Presa, 'avó' confirma agressões e culpa mãe e madrasta

Ketelen Vitória Oliveira da Rocha morreu no sábado (24) aos 6 anos de idade - Reprodução/Facebook
Ketelen Vitória Oliveira da Rocha morreu no sábado (24) aos 6 anos de idade Imagem: Reprodução/Facebook

Francisco Edson Alves

Colaboração para o UOL, em Volta Redonda

29/04/2021 16h26

Pouco antes de ser presa ontem (28), Rosângela Nunes, 50, afirmou ao UOL que Ketelen Vitória Oliveira da Rocha, 6, —que morreu no último sábado (24) em decorrência de espancamento— foi submetida a uma rotina de medo e violência por cerca de nove meses em uma casa humilde no bairro Jardim das Acácias, na periferia de Porto Real (RJ).

Rosângela Nunes é mãe de Brena Luane Barbosa Nunes, 25, madrasta da criança apontada pela polícia como uma das suspeitas da morte, ao lado da mãe de Ketelen, Gilmara Oliveira de Farias, 27. A dona de casa confirmou que as duas agrediram a criança seis dias antes da morte dela, mas negou ter presenciado supostas torturas sofridas por Ketelen em outras ocasiões.

Rosângela foi presa porque, segundo a juíza Priscila Dickie Oddo, teria se omitido e não impedido as agressões contra a criança. Ela dividia a casa de três quartos com o casal, a criança e a mãe dela de 86 anos. Rosângela, Gilmara e Brena responderão por homicídio triplamente qualificado.

A dona de casa disse à reportagem que não quer mais saber da filha, afirmando ter consciência da culpa dela no episódio. "Não a perdoo jamais. Ela tem que pagar", acusou, ressaltando que testemunhou as agressões que antecederam a morte da menina.

28.abr.2021 - Rosângela Nunes, mãe da madrasta da menina Ketelen Vitória - Francisco Edson Alves/UOL - Francisco Edson Alves/UOL
28.abr.2021 - Rosângela Nunes, mãe da madrasta da menina Ketelen Vitória
Imagem: Francisco Edson Alves/UOL

"As duas [Gilmara e Brena] têm culpa [pela morte de Ketelen]. Gilmara mandava minha filha bater na filha dela. Eu avisei a ela para não fazer isso, mas a própria mãe também batia. Eu não presenciava, porque sempre ficava quieta no meu quarto. A garota dormia numa caminha ao lado da minha mãe, que nos sustenta com sua aposentadoria", relatou.

Investigações da 100ª DP indicam que a criança teria sido espancada por ao menos 48 horas antes de entrar em coma.

A mãe de Brena disse que a filha tinha "problemas com álcool" e a ameaçava de morte quando exigia dinheiro para beber —segundo Rosângela, sobretudo em razão do alcoolismo, o ambiente na casa era marcado por brigas e violência física e psicológica contra Ketelen.

"Brena ameaçava eu e minha mãe de morte, quando a gente não tinha dinheiro para ela comprar bebida alcoólica. Bebia todos os dias e ficava agressiva. Tínhamos medo", relatou Rosângela.

'Mães não devem passar a mão na cabeça de filhos que erram'

Sem demonstrar qualquer tipo de emoção, Rosângela admitiu que não está sofrendo em razão da acusação que recai sobre Brena, lembrando que perdeu um filho de 20 anos há cerca de três anos. O jovem, segundo ela, foi assassinado por traficantes locais.

"Não chorei [quando Brena foi presa]. Mães não devem passar a mão na cabeça de filhos que erram. Não chorei nem pela morte de Breno. Ele tinha envolvimento com drogas. Era de uma facção, mudou para outra e acabou sendo morto por traficantes rivais", disse ela.

Rosângela disse que falava pouco com Gilmara. "Não a conheço direito. Nem ninguém da família dela. Ela e minha filha se conheceram pela internet", relatou, frisando que Ketelen "era uma menina quieta, normal, como qualquer criança da mesma idade".

O UOL procura a Defensoria Pública do Rio, que deve representar as rés. A reportagem não localizou eventuais representantes legais que possam ter sido constituídos por Gilmara, Brena e Rosângela.