Coronel da PM que ordenou ação contra ato no Recife é enviado para reserva
Carlos Madeiro
Colaboração para o UOL, em Maceió
16/06/2021 11h58
O coronel e ex-comandante da PM (Polícia Militar) de Pernambuco Vanildo Maranhão foi transferido para a reserva remunerada da corporação. A publicação com o ato foi feita ontem no Diário Oficial de Pernambuco, mas é retroativa ao dia 2 de junho.
O envio de Vanildo à reserva ocorreu um dia após ele deixar o comando da PM. Ele deixou o cargo após repercussão negativa sobre o ataque da PM a manifestantes no centro do Recife na manhã do último dia 29. Foi dele a ordem para para encerrar o protesto.
O ato ocorria de forma pacífica, mas foi encerrado com uso de bombas, tiros de bala de borracha e spray de pimenta.
A ação militar resultou em dois homens atingidos com balas de borracha no olho e que perderam parte da visão. Além disso, a vereadora Liana Cirne (PT) foi agredida com spray de pimenta no rosto. Os policiais ainda teriam recusado socorro a um dos feridos baleados.
A operação da PM causou forte reação pública e das autoridades de Pernambuco. De imediato, o governo do estado afastou os policiais que comandaram a ação e os que agrediram a vereadora. O MP (Ministério Público) de Pernambuco também apura o caso. Dezesseis militares estão afastados das ruas respondendo por ações.
Documentos revelados na semana seguinte à ação da PM revelaram que a ordem para encerrar o protesto partiu de Vanildo. O relato destinado ao subcomandante do Batalhão de Choque, major Valdênio Corrêa Gondim Silva, foi feito por um oficial que teve o nome preservado. No ofício, ele afirma que, "por determinação do comandante-geral da PMPE", a Tropa de Choque deveria realizar a dispersão dos manifestantes usando dos "meios dispostos".
O comandante da PM não falou com a imprensa sobre o episódio.
Para o protesto marcado para o próximo sábado, o governo do estado se antecipou e criou um grupo para debater a organização do ato.
Vanildo foi comandante da PM na gestão de Paulo Câmara (PSB) durante quatro anos e três meses. Ele assumiu o cargo em fevereiro de 2017, aos 50 anos, após passagem pelo comando do Batalhão de Choque e do policiamento durante eventos como a Copa das Confederações e a Copa do Mundo.