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Recife: PM reprime ato anti-Bolsonaro e governador afasta comandante

Ed Rodrigues

Colaboração para o UOL, em Recife

29/05/2021 15h27Atualizada em 30/05/2021 09h30

O protesto contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Recife acabou após repressão policial contra manifestantes. Ao menos uma pessoa foi detida. O efetivo da Polícia Militar dispersou a multidão, que se concentrou na avenida Guararapes, um dos principais corredores de trânsito do centro da capital pernambucana.

Em vídeos enviados ao UOL, é possível ver os participantes fugindo em meio à fumaça de bombas de efeito moral e ouvir os disparos do que, segundo manifestantes, seriam balas de borracha. Em Pernambuco, um decreto proíbe eventos públicos durante a pandemia.

Uma das gravações mostra o momento em que a vereadora Liana Cirne (PT) é atingida nos olhos por um spray.

"Jogaram spray de pimenta nos meus olhos. Fui a uma unidade médica e estou bem. Não me arrependo de ter ido questionar a postura deles. Sou vereadora do Recife e fui eleita para isso mesmo", disse a parlamentar ao UOL. Liana Cirne e sua equipe jurídica registram queixa em uma delegacia de região.

Na confusão, uma pessoa, que não teve a identidade revelada, foi presa. Ela assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência e foi liberada.

A PM ainda não respondeu sobre quantas pessoas deteve durante as manifestações.

Governador afasta comandante da ação

Em sua conta no Twitter, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), disse em vídeo que repudia "todo ato de violência de qualquer ordem ou origem".

"Determinei a imediata apuração de responsabilidades. A Corregedoria da Secretaria de Defesa Social já instaurou procedimento para investigar os fatos. O oficial comandante da operação, além dos envolvidos na agressão à vereadora Liana Cirne, permanecerão afastados de suas funções enquanto durar a investigação", disse.

"Sempre vamos defender o amplo diálogo, o entendimento e o fortalecimento das nossas instituições dentro da melhor tradição democrática de Pernambuco", completou.

Pelo Twitter, Luciana Santos, vice-governadora do estado, destacou que a postura da PM não foi a mando do estado. "Não foi autorizado pelo estado. O governador Paulo Câmara [PSB] tem se pautado pela democracia e pelo diálogo", ressaltou no post.

A Polícia Militar informou que não irá comentar o episódio, pois o governador Paulo Câmara já fez um pronunciamento.

Recife ignorou recomendação do MP

O ato —que reuniu estudantes e políticos— foi uma resposta à escalada da covid-19 no Brasil, que já ultrapassou a marca das 450 mil vidas perdidas.

A realização do protesto na cidade ignorou decreto do governo estadual e a recomendação do MP (Ministério Público) de Pernambuco.

Na capital pernambucana, está em vigor um decreto que estabelece que "permanece vedada no Estado a realização de shows, festas, eventos sociais e corporativos de qualquer tipo, com ou sem comercialização de ingressos, em ambientes fechados ou abertos, públicos ou privados, inclusive em clubes sociais, hotéis, bares, restaurantes, faixa de areia e barracas de praia, independentemente do número de participantes".