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PM joga spray no rosto de vereadora do PT em ato contra Bolsonaro no Recife

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

29/05/2021 13h40Atualizada em 29/05/2021 17h11

A vereadora Liana Cirne (PT) foi agredida por um policial militar que jogou spray de pimenta no rosto da parlamentar na manhã de hoje, durante protesto contra o presidente Jair Bolsonaro no Recife.

A agressão foi filmada. No momento em que foi atingida, a vereadora estava tentando conversar com os policiais que estavam atuando contra manifestantes que protestavam no centro da cidade.

Sem darem atenção à vereadora, eles seguiram para a viatura. Após entrarem, os policiais dispararam dois jatos de spray no rosto da vereadora, que caiu no chão em seguida. Em nota, a PM informou ao UOL que está apurando o caso.

A assessoria da vereadora informou que ela foi levada para uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), onde recebeu cuidados médicos. "Ela está estável e sendo atendida", informou em comunicado às 13h.

Depois, a própria vereadora se manifestou sobre o ocorrido nas redes sociais. "Não me arrependo por um segundo do que fiz. Estou sendo criticada por ser impetuosa. Mas se tenho uma carteira de couro com um brasão da Câmara Municipal, é para isso que ele foi feito! O único carteiraço que vale a pena dar na vida. Fiz e faria de novo", escreveu ela no Instagram.

Em um post anterior, ela aparece em frente a um carro da polícia militar impedindo a passagem do veículo.

Vice diz que governo não autorizou ação da PM

A vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos (PCdoB) afirmou, em vídeo postado nas redes sociais, que o governo do estado não autorizou a ação da PM contra manifestantes.

"O governo do estado tem se pautado pela democracia, pelo diálogo. Nós condenamos esse tipo de atitude e vamos tirar as consequências do acontecido", disse.

Relatos de pessoas feridas

O ato no Recife foi marcado por uma reação da PM, que dispersou manifestantes na força. Há relatos de pessoas feridas. Em uma das fotos, um manifestante aparece com um grande sangramento no olho.

Testemunhas e vídeos mostram que os policiais atiraram contra os manifestantes com bala de borracha. Além disso, os militares usaram bombas de efeito moral. Houve muita correria após a ação militar.

No Recife, houve uma recomendação do MP (Ministério Público) de Pernambuco para que não fosse realizado o ato, por causa do decreto que estabelece que "permanece vedada no Estado a realização de shows, festas, eventos sociais e corporativos de qualquer tipo, com ou sem comercialização de ingressos, em ambientes fechados ou abertos, públicos ou privados, inclusive em clubes sociais, hotéis, bares, restaurantes, faixa de areia e barracas de praia, independentemente do número de participantes."

Mesmo assim, muitas pessoas foram até a praça do Derby, onde se concentraram para o ato por volta das 9h.

Nota de repúdio

O senador Humberto Costa (PT-PE) divulgou uma nota repúdio pelo ocorrido durante os protestos no Recife. O parlamentar, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, pediu a "apuração rigorosa das agressões feitas por integrantes da Polícia Militar contra manifestantes".

No perfil de Costa no Twitter foi postada a seguinte mensagem: "O senador presta solidariedade a ela e a todos os outros manifestantes que sofreram com a truculência. O ato ocorreu com respeito às normas de distanciamento social e de proteção individual. O senador cobra do governo e do governador a apuração rigorosa dos fatos e exemplar punição aos responsáveis por este ato violento".