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CE: Professor dá celular novo a vítima roubada pela irmã: "envergonhado"

Jhonatan entrega telefone similar ao roubado por sua irmã três dias antes - Reprodução
Jhonatan entrega telefone similar ao roubado por sua irmã três dias antes Imagem: Reprodução

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL

16/07/2021 22h49

O professor de artes marciais Jhonatan Willian Moreira dos Santos, 27, procurou a vítima de um assalto praticado pela sua irmã para lhe dar um aparelho celular novo, similar ao que foi roubado, em Juazeiro do Norte (CE). O encontro dos dois aconteceu na última quinta-feira (15), três dias após o roubo, flagrado por uma câmera de segurança.

Na ocasião, a irmã de Jhonatan estava em uma motocicleta junto com um homem, quando abordaram a vítima e levaram o seu celular. Ao reconhecer a jovem, o professor decidiu pedir desculpas, em nome dele e de sua família, compensando o aparelho roubado.

"Sou uma pessoa bem conhecida aqui pelo meu trabalho, então me senti muito envergonhado, triste com o que ocorreu; estava com medo das pessoas me julgarem devido à ação dela", conta ele, que é professor de boxe, muay thai e defesa pessoal.

A foto com a entrega do celular foi postada pela vítima - que Jhonatan pediu para não ter o nome divulgado - e logo circulou nas redes sociais.

"O próprio rapaz que foi assaltado postou no grupo da empresa, e o pessoal saiu postando. Ele não achou que iria ter essa repercussão, e eu também não esperava isso, não queria. Mas teve uma repercussão positiva em relação à atitude, recebi muitas mensagens legais, bonitas, mas é triste porque isso ocorreu devido algo tão ruim que minha irmã fez", diz.


Dependente química

Segundo Jhonatan, sua irmã e o companheiro dela foram presos na terça-feira (13) e seguem detidos em uma cadeia da cidade. Ele explica que ela já tratou uma dependência química e deve ter tido uma recaída.

"Ela passou um ano e sete meses internada em uma clínica de tratamento há três anos. Ela passou esse período 'limpa', mas há dois meses ela saiu de casa e estava morando com esse cara [que participou do assalto] e acho que teve uma recaída. Não sei se, no momento do assalto, estava drogada. Mas ela é uma pessoa boa, nunca fez isso, só que ela errou", conta.

O professor de artes maciais conta ainda que a família está empenhada agora em ajudar a sua irmã a ter uma recuperação. "Ela nunca havia sido presa, nunca fez nada de errado para chegar a esse ponto. Só Deus sabe como a gente fica angustiado vendo o desespero da minha mãe, do meu sobrinho [filho dela, de seis anos]. A gente está evitando falar [o que ocorreu] a ele, estamos o distraindo com brinquedos. Minha mãe está visitando ela [na prisão]", explica.

Para a família, a esperança é que os dias de detenção sirvam para que ela reflita sobre o que fez e retome uma vida longe das drogas e do crime. "A gente espera que ela leve uma prensa para cair em si, e que Deus faça uma restauração na vida dela; não só na dela, como na do companheiro dela também. Não o conheço, mas oro para que parem para pensar na porcaria que fizeram. Todo mundo consegue conquistar os objetivos sem precisar roubar", completa.