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Política de segurança pública do RJ é desastrosa, diz diretor da Faferj

Colaboração para o UOL*

23/11/2021 19h49

Operações policiais como a ocorrida no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo (RJ), no último fim de semana, já se tornaram "cotidianas" nas favelas do estado, afirma o historiador e diretor da Faferj (Federação das Favelas do Rio de Janeiro), David Gomes.

Ontem, corpos foram retirados por moradores em região de mangue da comunidade. A Polícia Militar afirma que as vítimas morreram em confronto durante uma operação realizada um dia após a morte de um policial. A versão de quem mora no local, no entanto, contradiz a das autoridades.

Em entrevista ao UOL News, o diretor da Faferj citou dados da plataforma Fogo Cruzado que apontam o crescente número de vítimas resultantes de ações da PMERJ (Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro) em comunidades. Segundo ele, os dados refletem uma política de segurança pública "desastrosa".

"Sabemos que essas operações policiais como a do Complexo do Salgueiro é o que chamamos de 'operação vingança', uma operação que ocorreu por conta, infelizmente, da morte do sargento Leandro da Silva", disse Gomes.

"É o que sempre falamos: essa política de segurança pública é tão desastrosa que não garante a segurança nem dos moradores de favelas nem dos policiais que participam de operações. A PM do Rio de Janeiro é que a mais mata, mas também a que mais morre no mundo", completou.

De acordo com dados da Fogo Cruzado, só em 2021 o Rio de Janeiro já registrou 58 chacinas que resultaram em 242 pessoas mortas. A maior delas ocorreu em maio, no Jacarezinho, quando 28 pessoas morreram na operação mais letal da história do estado.

"Dessas 58, 43 chacinas foram resultados diretos de operações policiais. Na região do Complexo do Salgueiro, em são Gonçalo, foram 10 chacinas neste ano e todas foram resultado de operações policiais", afirmou David Gomes.

O historiador disse que a "suposta guerra às drogas" motiva muitas das operações policiais em favelas. "Mas a gente sabe muito bem que dependendo da sua cor de pele ou CEP as drogas já são legalizadas no Rio de Janeiro e no Brasil. Temos diversas festas na Zona Sul, na Barra da Tijuca, regadas às drogas."

*Com informações de Marcela Lemos e Lola Ferreira, colaboração para o UOL e do UOL, no Rio