Falso biomédico é preso por oferecer tratamentos estéticos em clínica no RJ
A Polícia Civil prendeu em flagrante na tarde de ontem (13) um falso biomédico, suspeito de realizar procedimentos estéticos em seu apartamento, no centro do Rio de Janeiro. Pelo menos cinco vítimas procuraram a Delegacia do Consumidor após desconfiarem do local e dos valores cobrados por Lucas da Silva Leite, 30. Segundo as investigações, ele não tinha nenhuma formação de nível superior e não estava habilitado para realizar os procedimentos oferecidos.
Com mais de cinco mil seguidores nas redes sociais, Lucas compartilhava sua rotina de trabalhos e procedimentos em homens e mulheres, de diferentes idades. Dentre os serviços oferecidos, estavam aplicação de toxina botulínica, preenchimento facial e labial com ácido hialurônico, remoção de verrugas e intradermoterapia, que tem como objetivo definir os contornos musculares.
Uma policial disfarçada de paciente fez uma consulta com o suspeito, em que ele se apresentou como biomédico. Em depoimento, ele confessou que teria apenas um curso técnico de estética e confirmou que fazia esses procedimentos com substâncias armazenadas dentro de casa.
Durante as buscas no imóvel, os agentes encontraram grande quantidade de seringas e agulhas para os procedimentos. Dentro da geladeira, junto com alimentos para consumo próprio, estavam armazenadas substâncias utilizadas nos pacientes. Além do ácido hialurônico, da toxina botulínica, anestésicos injetáveis e substâncias injetáveis não identificadas, a polícia também encontrou no local material entorpecente, maconha e cocaína, constatadas pela perícia.
"A clínica clandestina não tinha autorização sanitária para funcionar e, o que é pior, com um profissional sem qualquer habilitação para fazer procedimentos estéticos invasivos. Não havia qualquer tipo de cautela sanitária, agulhas e materiais descartáveis de forma irregular e medicamentos guardados na geladeira junto com alimentos para consumo", disse ao UOL o delegado Ricardo Barboza, responsável pelo caso.
"Todos os procedimentos realizados, a maioria deles era invasivo. Ele também utilizava laser, equipamento que pode causar queimaduras gravíssimas e permanentes", disse o delegado.
Cinco vítimas procuraram a polícia na delegacia, por whatsapp ou disque-denúncia, de forma anônima, e algumas delas apresentavam queimaduras e edemas. Lucas vai responder por falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais e exercício da profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal.
De acordo com registros do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o suspeito, que aguarda audiência de custódia, ainda não teve defesa constituída. UOL entrou em contato com a Defensoria Pública que informou que, por enquanto, não foi acionada para defendê-lo. O espaço segue aberto para manifestação de seus advogados tão logo assumam o caso.
Em nota, o Conselho Regional de Biomedicina da 1ª Região (CRBM1), que responde pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul, afirmou que "o suposto biomédico citado na reportagem não é profissional inscrito" nos quadros da instituição.
"Cumpre esclarecer que, para atuar como profissional biomédico esteta ou de qualquer outra habilitação da Biomedicina, o profissional formado deve estar inscrito e em situação regular no Conselho Regional de Biomedicina de sua jurisdição, passando então a ser fiscalizado pela autarquia correspondente", completou o comunicado.
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