'Acordei sendo enforcada por Jairinho ao lado do meu filho', diz Monique
A pedagoga Monique Medeiros, mãe do menino Henry Borel, relatou em depoimento à Justiça episódios em que o ex-vereador Dr. Jairinho (sem partido) se mostrou agressivo, controlador, ciumento e possessivo. Em ao menos duas ocasiões, o acusado de matar a criança enforcou a então companheira, segundo contou Monique.
Um dos relatos narra uma agressão por parte de Jairinho —ocasião em que, segundo ela, o ex-vereador a enforcou na cama enquanto ela dormia ao lado do filho. De acordo com Monique, a agressão aconteceu em novembro de 2020 —no mês seguinte ao início do namoro— após Jairinho invadir seu celular para ler mensagens que ela trocava com Leniel Borel, pai do menino.
A pedagoga conta que chamava o ex-marido de "Lê", enquanto ele a chamava de "Nique". Na ocasião, a pedagoga relatou que não pôde participar de um jantar em que o namorado iria e então foi dormir com o filho na casa de seus pais em Bangu, na zona oeste do Rio.
Ele pulou o muro da minha casa, invadiu e se incomodou com a conversa no meu celular, que ele tinha a senha. Acordei sendo enforcada na cama ao lado do meu filho."
Monique Medeiros, mãe de Henry Borel
Monique presta depoimento em interrogatório na 2ª Vara Criminal do Rio de Janeiro no processo em que é acusada pela morte do filho juntamente com Jairinho. O relato começou às 11h40.
A mãe de Henry relatou que Jairinho seguia sempre um mesmo método, em que "batia e depois vinha um afago". No dia seguinte à agressão, ela disse que o ex-vereador encomendou buquês de flores e caixas de chocolates que chegavam a cada 20 minutos em sua casa, como forma de pedir desculpas.
"Quando chegou o terceiro buquê, pedi para que ele parasse de mandar", afirmou ela.
'Jairinho me enforcou de um cômodo ao outro'
Monique relatou que decidiu sair de casa depois que as brigas começaram a ser constantes.
"A gente começou a ter muitas brigas, não queria que meu filho presenciasse isso. Em uma deles, ele me enforcou de um cômodo ao outro, dizendo que eu não poderia ir embora."
"Em outro episódio, comecei a arrumar as malas. Ele ficou enfurecido, começou a desfazer tudo, a chutar as malas e a pisar nas roupas do Henry. As paredes ficaram todas sujas depois que ele começou a quebrar minhas malas. Falei que iria embora sem nada, para a casa dos meus pais. Ele disse que, se eu fosse embora, não poderia mais voltar", contou Monique.
'Atos de bipolaridade' e personalidade controladora
Monique também relatou que, por Jairinho ter a senha de seu celular, houve uma ocasião em que ele respondeu a uma mensagem fazendo se passar por ela em seu perfil no Instagram. Segundo a mãe de Henry, o ex-vereador disse: "[Essa conta do Instagram] pertence a mim e ao meu namorado".
Jairinho também tinha, segundo ela, a geolocalização de seu telefone celular e, dessa forma, sabia onde Monique estava. Em uma ocasião em que Monique estava malhando em uma academia de ginástica, Jairinho telefonou e quis saber como ela estava vestida.
A mãe de Henry relatou que, sabendo do ciúme do então companheiro, disse que estava de calça, mas na verdade vestia um short. Em seguida, o ex-vereador enviou a ela uma foto de Monique na academia. "Botei uma pessoa atrás de você [...] Tenho pessoas que me devem favores", disse Jairinho, segundo Monique.
Em outra ocasião, ela também disse que, em uma discussão com Jairinho, ele arremessou um controle remoto em sua boca. Jairinho chegou a dar uma joelhada na parede. "Ele disse: 'Olha o que você fez'. Ele sempre tinha um motivo para me culpar de alguma coisa que eu fazia. Eram atos de bipolaridade."
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