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Pai de menino morto em toboágua critica falta de sinalização: 'Inaceitável'

Davi Lucas de Miranda, 8, morreu após cair de toboágua em parque de Caldas Novas (GO) - Arquivo pessoal
Davi Lucas de Miranda, 8, morreu após cair de toboágua em parque de Caldas Novas (GO) Imagem: Arquivo pessoal

Do UOL, em São Paulo

15/02/2022 13h29Atualizada em 15/02/2022 16h40

O pai do menino de 8 anos que morreu após cair em um toboágua em Caldas Novas (GO) acredita que o parque não colocou sinalização eficaz para mostrar que o brinquedo estava em manutenção, e que as entradas estavam acessíveis para as crianças. Segundo Luciano Márcio Miranda, 43, o filho, Davi De Lucas Miranda, conhecia todas as instalações do diRoma Acqua Park, e a família frequentava o local há anos.

Em entrevista ao UOL, Luciano explica que a família, que é de Conselheiro Lafaiete (MG), tinha acabado de chegar no hotel do grupo diRoma, que possui acesso ao parque aquático, quando ocorreu o acidente.

O Davi conhecia o parque na palma da mão. Ele começou a ir para lá com oito meses. Foi a primeira viagem em família e desde então a gente ia todo ano. Dava sempre para ver onde ele estava e ele tinha noção de todo o parque.

O acidente ocorreu logo após eles almoçarem e realizarem o check-in no hotel. "Eu falei para o Davi para irmos [ao parque] no dia seguinte, mas ele queria muito ir. Eu avisei que teríamos que ficar pouco tempo ele me disse: 'Eu estou doido para ir no parque!'. Então fomos. Eu desci com o carrinho com o meu filho de 1 ano e ele. A minha mulher desceria logo em seguida", relembra Miranda.

Miranda diz que, ao descer, o filho pediu para ir ao banheiro. "Eu disse para ele ir e voltar rápido, porque a mãe dele estava chegando". No entanto, a criança não voltou. O pai decidiu sair para procurá-lo e, em determinado momento, uma funcionária começou a anunciá-lo no microfone.

Só virei o carrinho e fui. Quando cheguei lá, estava uma multidão de pessoas, ambulância do SAMU. Comecei a me tremer todo.

O pai diz que foi apenas nesse momento que ele descobriu que Davi tinha caído do toboágua. "Acho que ele pensou que a descida do vulcão iria estar próximo de onde eu estava esperando. Ele já era acostumado a descer o 'vulcão' [toboágua]. É uma atração típica. Tudo aconteceu muito rápido."

Miranda conta que o toboágua fica logo na entrada do parque e que ele não viu nenhuma sinalização avisando que o brinquedo estava interditado. "Ninguém comunicou nada. Várias pessoas chegaram perto de mim e informaram que só estava com fitas, e não um bloqueio total. As entradas do toboágua não estavam bloqueadas. Não tinham nada: nem chapa, nem tábua. O lugar é muito movimentado e nenhuma pessoa avisou para ele não entrar."

vulcão - Reprodução/Di Roma Acqua Park - Reprodução/Di Roma Acqua Park
O acidente ocorreu em um brinquedo chamado 'Vulcão' em um parque de Caldas Novas
Imagem: Reprodução/Di Roma Acqua Park

O brinquedo possui quatro toboáguas que saem de uma mesma plataforma que fica no interior de uma estrutura que se assemelha a um vulcão.

Ainda, de acordo com o pai, logo após o acidente, um funcionário do parque pediu para que ele assinasse uma folha em branco. "Eles disseram que iriam fazer um relatório depois sobre o acidente, mas eu estava em pânico e falei: 'Peraí, tenham um pouco mais de respeito'", diz ele.

Os familiares foram até o Hospital Municipal de Caldas Novas, onde Davi não resistiu aos ferimentos e acabou morrendo. "Eles tiraram a gente do local o mais rapidamente, arrumaram a funerária, o motorista. A intenção era tirar a gente. É tudo muito difícil. Eu não fui lá de graça, eu paguei pelo serviço prestado e não me deram a segurança."

Miranda espera que o parque repense as medidas adotadas em relação à prevenção de acidentes. "Davi era muito comunicativo, educado. Gostava de conversar e ouvia as pessoas. Toda vez que eu chegava do trabalho vinha me dar um beijo", diz ele.

A dor que eu to sentindo agora não tem preço. Quero que eles repensem. Eles colocaram brinquedos radicais novos, acho que deveriam chamar especialistas para ver se está seguro. É inaceitável que um brinquedo em manutenção não tivesse um bloqueio total. O público-alvo do parque é criança e adolescente. Um clube tem que dar totalmente a segurança. Como deixaram uma criança entrar em um toboágua fechado, mas com as bocas abertas?

davi - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Davi Lucas ao lado da mãe e do pai, Luciano Márcio Miranda, 43
Imagem: Arquivo pessoal

O UOL entrou em contato com o Grupo diRoma para um posicionamento a respeito da sinalização, e foi informado que a empresa só se manifestará após a conclusão do laudo pericial.

Segundo o delegado Rodrigo Pereira, que investiga o caso, o laudo pericial deve ficar pronto nos próximos dias. O exame pericial de local de morte violenta e o exame cadavérico já foram realizados pela Polícia Técnico-Científica. A polícia devera ouvir mais quatro pessoas ainda hoje e imagens do circuito de câmeras de monitoramento do local também já foram requisitadas e serão analisadas.

De acordo com Pereira, durante uma das oitivas, um representante do estabelecimento informou que, no local, havia tapumes de madeira e fita zebrada, além de placas para informar a manutenção do brinquedo. No entanto, não havia placas de advertência.

Ontem, uma equipe especializada realizou perícia no toboágua e revelou que o garoto bateu em dois lugares antes de chegar ao chão. Segundo as informações divulgadas ao UOL, ele não se afogou e teve acesso a uma área mal isolada da atração. a causa da morte foi politraumatismo, e ele não tinha qualquer sinal de afogamento externo ou interno.

"Ele não sofreu uma queda livre, ele bateu em uma ripa de madeira e depois bateu em uma estrutura metálica antes [de chegar ao chão], de uma altura de 13,8 metros", afirmou em conversa com o UOL a chefe da Polícia Científica de Caldas Novas, Kathia Mendes Magalhães. "Apesar de estar em reforma, o brinquedo estava mal isolado. Ele tinha o acesso facilitado, principalmente para uma criança. Mesmo com uma lateral isolada, nada impedia uma pessoa de entrar."

Em nota, a Polícia Civil informou que "dentro do prazo legal de 30 dias, envidará todos os esforços para aprofundar a investigação, com o objetivo de elucidar os fatos e comprovar a responsabilidade daqueles que tenham concorrido para o evento fatal."