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Menino morto após cair de toboágua é enterrado; perícia detalha acidente

O acidente ocorreu em um brinquedo chamado "Vulcão" em um parque aquático de Caldas Novas - Reprodução/Di Roma Acqua Park
O acidente ocorreu em um brinquedo chamado 'Vulcão' em um parque aquático de Caldas Novas Imagem: Reprodução/Di Roma Acqua Park

Lorena Barros

Do UOL, em São Paulo

14/02/2022 19h16Atualizada em 15/02/2022 16h43

O corpo de Davi Lucas de Miranda, 8, foi sepultado na tarde de hoje no cemitério Nossa Senhora da Conceição, em Conselheiro Lafaiete, no interior de Minas Gerais. Horas antes, uma equipe especializada realizou perícia no toboágua do qual o menino caiu antes de morrer, em parque aquático de Caldas Novas (GO) e revelou que o garoto bateu em dois lugares antes de chegar ao chão; que ele não se afogou; e que a vítima teve acesso a uma área mal isolada da atração.

O caso ocorreu ontem, no Di Roma Acqua Park, e o brinquedo em questão estava fora de funcionamento. A polícia já começou a ouvir funcionários do estabelecimento para esclarecer as circunstâncias da morte do garoto e os detalhes do acesso ao equipamento.

"Ele não sofreu uma queda livre, ele bateu em uma ripa de madeira e depois bateu em uma estrutura metálica antes [de chegar ao chão], de uma altura de 13,8 metros", afirmou em conversa com o UOL a chefe da Polícia Científica de Caldas Novas, Kathia Mendes Magalhães.

Segundo ela, a causa da morte foi politraumatismo, e ele não tinha qualquer sinal de afogamento externo ou interno.

A análise, feita por um perito no local da morte, também mostrou que o espaço não estava isolado de forma adequada, com uma espécie de "tapume" e uma fita zebrada apenas em uma parte dele.

Apesar de estar em reforma, o brinquedo estava mal isolado. Ele tinha o acesso facilitado, principalmente para uma criança. Mesmo com uma lateral isolada, nada impedia uma pessoa de entrar.
Kathia Mendes Magalhães, chefe da Polícia Científica

Segundo o delegado responsável pelo caso, Rodrigo Pereira, dois funcionários foram ouvidos oficialmente hoje e outros quatro devem prestar depoimento amanhã (14): dois guarda-vidas — um deles, que retirou o menino da água —, uma enfermeira que prestou os primeiros socorros à criança e um orientador de público do parque.

"O orientador era o responsável por fiscalizar a área, não só a que estava interditada, mas de outras partes do complexo", disse Pereira, em conversa com o UOL.

O prazo máximo para que as investigações sobre o caso sejam concluídas pela polícia é de 30 dias.

Relembre o caso

Davi Lucas morreu na tarde de ontem após entrar na área de manutenção do brinquedo "Vulcão", que estava desativado e em reforma, no Di Roma Acqua Park, e cair de uma altura de mais de 13 metros.

Ele foi atendido pelos guarda-vidas do parque aquático, que acionaram o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e o levaram até o hospital local, mas não resistiu aos ferimentos.

O UOL entrou em contato com o parque aquático para um posicionamento na manhã de hoje. Na primeira nota enviada à imprensa, o estabelecimento lamentou a morte da criança e afirmou prestar "profunda solidariedade" aos familiares.

Segundo o estabelecimento, "a área em que ocorreu o acidente estava completamente fechada com tapume e devidamente sinalizada para reforma e melhorias".

Após a primeira análise da perícia apontando um isolamento insuficiente do local, o UOL voltou a entrar em contato com o Di Roma, mas não obteve resposta até o momento.

Pai critica isolamento

Luciano Márcio Miranda, 43 acredita que o parque não colocou sinalização eficaz para mostrar que o brinquedo estava em manutenção, e que as entradas estavam acessíveis para as crianças. Segundo ele, o filho, Davi De Lucas Miranda, morto ao cair da atração "vulcão", conhecia todas as instalações do diRoma Acqua Park, e a família frequentava o local há anos.

A dor que eu to sentindo agora não tem preço. Quero que eles repensem. Eles colocaram brinquedos radicais novos, acho que deveriam chamar especialistas para ver se está seguro. É inaceitável que um brinquedo em manutenção não tivesse um bloqueio total. O público-alvo do parque é criança e adolescente. Um clube tem que dar totalmente a segurança. Como deixaram uma criança entrar em um toboágua fechado, mas com as bocas abertas?

Luciano Márcio Miranda, 43, pai de Davi

O UOL entrou em contato com o Grupo diRoma para um posicionamento a respeito da sinalização, e foi informado que a empresa só se manifestará após a conclusão do laudo pericial.

Segundo o delegado Rodrigo Pereira, que investiga o caso, o laudo pericial deve ficar pronto nos próximos dias. O exame pericial de local de morte violenta e o exame cadavérico já foram realizados pela Polícia Técnico-Científica. A polícia devera ouvir mais quatro pessoas e imagens do circuito de câmeras de monitoramento do local também já foram requisitadas e serão analisadas.