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Hipster da Federal: Delegado detalha os últimos momentos do policial

Do UOL, em São Paulo

03/03/2022 17h56Atualizada em 04/03/2022 13h02

O delegado Adriano Jaime, responsável pela investigação da morte do policial federal Lucas Valença, 36, conhecido como "Hipster da Federal", na cidade de Buritinópolis (GO), deu detalhes sobre o depoimento do homem que atirou no agente após ter a casa invadida e classificou inicialmente o episódio como "legítima defesa". Segundo as declarações dadas hoje, o autor dos disparos, que pagou fiança e responderá em liberdade, teria sido ameaçado de morte antes de reagir à invasão do policial usando uma arma adaptada.

Em depoimento à polícia, o suspeito, que não teve o nome revelado, afirmou que estava dentro de casa com a esposa e a filha de 3 anos quando ouviu ameaças vindas de fora. "Saiam todos da casa, se não vou entrar e matar", teria dito o PF, segundo o delegado. "Neste momento, temendo pela sua vida e da sua família, ele pegou a sua arma", narrou.

A arma em questão seria uma espingarda de pressão adaptada para receber balas de calibre 22. Ainda segundo o delegado, o policial federal teria desligado o quadro de energia da casa e arrombou a porta do imóvel para entrar.

De acordo com informações do Boletim de Ocorrência da Polícia Militar ao qual o UOL teve acesso, uma pessoa - que não foi identificada se seria ou não Lucas - teria gritado que "havia um demônio" na casa, antes de a porta da residência ser arrombada.

Lucas Valença morreu após ser baleado na noite de ontem - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Lucas Valença, o "hipster da Federal"
Imagem: Reprodução/Instagram

"Neste momento, o autor disse 'não entre, estou armado'. Mesmo assim, a vítima entrou e foi para cima do autor, que desferiu um único tiro. Depois do tiro, a vítima começou a gritar que era policial. Nesse instante, o autor ligou imediatamente para a polícia militar solicitando uma ambulância", explicou Jaime.

O policial chegou a receber os primeiros socorros, mas não sobreviveu. Na delegacia, o autor do tiro foi preso em flagrante por posse irregular de arma de fogo. Após pagar fiança, de valor não informado, porém, ele foi solto.

Um inquérito policial foi aberto para investigar a morte de Lucas Valença. Segundo relatos de amigos e parentes, o policial federal estava em surto psicótico desde o dia 2 de março.

"Pelas circunstâncias do fato, [o caso] seria legítima defesa", pontuou o delegado.

Relembre fama do policial

Lucas Valença ficou famoso nas redes sociais após aparecer ao lado de Eduardo Cunha em imagens que rodaram o Brasil quando o ex-deputado foi preso no âmbito da Operação Lava Jato em 2016.

Em posts em seu perfil nas redes sociais antes da fama, ele declarou voto em Aécio Neves (PSDB) nas eleições de 2014 e sugeriu que a vitória de Dilma Rousseff (PT) foi fraudada. Após a repercussão, agentes da PF receberam a orientação de ir mascarados à escolta de Cunha para o IML (Instituto Médico Legal) no dia seguinte à prisão.

A última polêmica que o envolveu surgiu após o agente ter participado dos programas "Encontro", da TV Globo, e "Programa do Porchat", da TV Record, o que teria desagradado a corporação.

Segundo o regulamento interno da corporação policial, é proibido esse tipo de autopromoção. Valença foi informado que estava violando o estatuto desde que foi ao programa da Globo e, em 2016, uma investigação foi aberta sobre o caso.