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O que se sabe sobre o falso médico que amputou perna de vítima de acidente

Gerson Lavísio teria confessado que tem apenas curso de socorrista, usando diploma falso para exercer medicina - Reprodução/ TV Vanguarda
Gerson Lavísio teria confessado que tem apenas curso de socorrista, usando diploma falso para exercer medicina Imagem: Reprodução/ TV Vanguarda

Do UOL, em São Paulo

17/03/2022 11h36Atualizada em 18/03/2022 12h42

Um falso médico foi preso após ordenar a amputação da perna de uma vítima de engavetamento na rodovia Presidente Dutra, na altura de Lavrinhas, a 230 km da capital de São Paulo.

Gerson Lavísio, 32, usava um diploma falso para exercer a medicina ilegalmente e foi denunciado ao MPF (Ministério Público Federal) na terça-feira (15), sendo detido em Pindamonhangaba, também no interior paulista. De acordo com informações obtidas pelo UOL ele trabalhava há apenas quatro dias na equipe médica da rodovia quando atendeu a ocorrência que acabou revelando a fraude, no domingo (13).

Confira o que se sabe até o momento sobre o caso do falso médico:

A amputação: colegas desconfiaram

A farsa de Gerson foi descoberta depois que colegas que o acompanhavam no atendimento às vítimas de um engavetamento, envolvendo três caminhões, desconfiaram das credenciais do suposto médico.

O suspeito atuava em nome da concessionária que administra a rodovia Presidente Dutra e autorizou a amputação da perna de um dos motoristas envolvidos, um homem de 36 anos, que estava preso às ferragens.

O procedimento, realizado ainda na rodovia, teria acontecido com uma técnica considerada "duvidosa" pelos profissionais de saúde, o que despertou dúvidas de outros médicos da equipe, responsáveis por acionar a Polícia Rodoviária Federal.

Ao consultarem os documentos do suspeito, os policiais descobriram que ele usava um CRM que estava em nome de outro profissional, que já havia morrido. O falso médico então foi levado à delegacia da Polícia Civil onde prestou depoimento e confessou não ser médico, segundo informações das autoridades.

Gerson admitiu ser apenas socorrista

Aos policiais rodoviários federais, Gerson teria dito que tem formação apenas como socorrista.

Mas, apesar da admissão do golpe, ele foi liberado após assinar um termo circunstanciado, explicou a SSP (Secretaria de Segurança Pública) em nota.

O que a concessionária diz

A reportagem do UOL procurou a concessionária CCR RioSP, que administra a rodovia e é responsável pelo serviço de socorro na via, que explicou que o falso médico atuava como funcionário terceirizado e foi desligado logo após a ocorrência.

"A Concessionária RioSP lamenta muito o ocorrido e se solidariza com a vítima e seus familiares. O falso médico foi desligado imediatamente e não presta mais serviços à terceirizada Enseg, empresa contratada pela concessionária. Infelizmente também fomos vítimas desta fraude que se consumou com o exercício ilegal da profissão, atingindo a todos", disse a empresa no texto.

"Desde o dia do acidente, realizamos diversas apurações técnicas e estamos prestando apoio às autoridades competentes na investigação do acidente e vamos procurar os familiares em seguida para prestar toda a assistência necessária para minimizar os danos causados", conclui o comunicado. Na sexta-feira, em novo comunicado, a CCR passou a negar amputação na rodovia.

A empresa Enseg, terceirizada contratada pela CCR RioSP responsável pela contratação do falso médico também foi procurada, mas, até a publicação dessa reportagem não se manifestou sobre a situação.

A reportagem do UOL tentou contato com Gerson por meio de mensagens, porém ainda não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.

Falso médico tentou se inscrever no Cremesp

Como parte da farsa, Gerson Lavisio também protocolou um pedido de inscrição junto ao Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo), utilizando um diploma falso. Ele alegava ter se formado em 2021 em uma universidade paulista de medicina, segundo informações do órgão, que recebeu o pedido do suspeito no mês passado.

"O falso médico apresentou o protocolo de solicitação de inscrição no Cremesp, o que foi considerado suficiente para sua contratação pela Enseg. Vale ressaltar que Gerson não possuía número de CRM e, portanto, não estava habilitado para atuar. O Cremesp esclarece, ainda, que vai investigar a contratação do falso médico por parte da Enseg e de outras instituições aonde o mesmo atuou, e que adotará as providências cabíveis", explicou o Conselho.

Até o momento, as autoridades não forneceram mais informações sobre a vítima amputada no acidente do fim de semana, que foi encaminhada à Santa Casa de Lorena, mas não teve nome divulgado.