Acampamento 'Marielle Vive' sofre ataques a tiros e polícia é acionada
Moradores do acampamento "Marielle Vive", do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Valinhos (SP), procuraram a Polícia Civil, ontem, para denunciar que o local teria sido alvo de dois ataques a tiros. Os disparos teriam sido realizados na entrada do acampamento, em direção às famílias que vivem no local.
Segundo informações da Polícia Civil, a primeira ocorrência foi registrada às 3h. Um veículo modelo Volkswagen T-Cross com as placas cobertas se aproximou do acampamento, e o motorista passou a atirar em direção à entrada do local. Os moradores afirmam que cerca de cinco tiros foram disparados. Em seguida, o motorista teria seguido na direção de Valinhos. No mesmo dia, por volta das 19h, o acampamento teria sido alvo de outro ataque semelhante, dessa vez com mais dois disparos.
Ainda segundo relato dos moradores à polícia, ao ouvirem os disparos, dois moradores que estavam na guarita, fazendo a segurança do acampamento, deitaram no chão e não ficaram feridos. Nenhum imóvel também foi atingido por disparos.
"No primeiro caso, os moradores que estavam na guarita chegaram a ver o motorista e o descreveram como sendo um homem branco, com cabelo curto, barba feita, aparentando ter entre 35 e 40 anos. Já no segundo, eles não conseguiram ver nada", conta Nicio Costa, advogado que representa as famílias que vivem no local.
Duas cápsulas, supostamente de pistola 9 milímetros, foram encontradas pelos moradores e entregues à polícia. Ainda segundo a ocorrência, a área não foi periciada porque não foi preservada.
"No local vivem cerca de 450 famílias, o equivalente a aproximadamente 1.800 pessoas, incluindo crianças. Esperamos que o caso seja esclarecido e esse tipo de ataque pare de acontecer. Foi algo muito grave e poderia ter atingido diversas pessoas", diz o advogado.
As duas ocorrências foram registradas no 1º Distrito Policial da cidade. Na delegacia ninguém quis comentar sobre o caso.
Em nota, a Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo (SSP) disse que os ataques vêm sendo investigados pela Polícia Civil. "A equipe da unidade realiza diligências para identificar a autoria do crime e elucidar os fatos", diz a nota.
Ocorrência anterior
Esta não é a primeira vez que uma ocorrência é registrada no acampamento "Marielle Vive", no interior paulista.
Em julho de 2019, Luis Ferreira da Costa, 72, morador do local, morreu após ser atropelado por um motorista que avançou em alta velocidade contra um grupo de acampados que fazia uma manifestação pedindo por acesso a serviços básicos. Outras cinco pessoas ficaram feridas na ocasião.
O suspeito chegou a fugir, mas foi localizado em seguida. Ele aguarda a decisão da Justiça sobre o caso em liberdade.
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