Flordelis: Filha disse que matar Anderson resolveria problemas, relata nora
Luana Pimenta, nora de Flordelis, contou hoje à Justiça que Marzi Teixeira, uma das filhas adotivas mais próximas à ex-deputada federal, manifestou desejo de ver o pastor Anderson do Carmo, então marido de Flordelis, morto.
De acordo com Luana, Marzi disse: "Matar o pastor resolveria todos os problemas da casa". A nora relatou que havia um núcleo de filhos "preferidos", que não gostavam da alta influência de Anderson na carreira como cantora e no mandato de Flordelis na Câmara dos Deputados.
A nora de Flordelis relata que Anderson sabia de um plano para matá-lo e que, no entendimento dele, Marzi era a responsável.
"Eu chamei a Marzi na secretaria da igreja, tranquei a porta e perguntei o que estava acontecendo. Eu disse a ela que o pastor achava que era ela", conta Luana.
De acordo com a nora, Marzi assumiu que Flordelis havia oferecido dinheiro para ela "sumir". "Então ela começou a chorar, dizendo que a mãe não a amava, que só a usava. Ela [Marzi] chorou e pediu perdão", relata Luana.
Ao saber desse plano, Luana conta que tentou "fazer o pastor pensar" que Marzi não teria o dinheiro (R$ 10.000) para matá-lo. Mas, de acordo com ela, Anderson disse que "iria dar uma coça na Marzi", e que seria suficiente para "quem estivesse acima dela" parar com essa "ideia maluca".
Testemunhas e réus serão ouvidos
Luana foi a terceira testemunha ouvida no segundo júri popular de acusados de envolvimento na morte do pastor em junho de 2019. Ela é casada com Wagner Andrade Pimenta, o Misael, e trabalhava na igreja de Flordelis e Anderson.
Luana explica que Marzi tinha problemas com Anderson desde o dia em que uma quantia em dinheiro sumiu da casa da família. Ela não explicitou em qual data foi o episódio. Na ocasião, relata Luana, Marzi assumiu a culpa e, por isso, Anderson a expulsou do imóvel. Mesmo voltando à casa tempos depois, a mágoa continuou, relatou a nora.
Luana conta que Marzi estava em sua casa na noite em que Anderson foi morto a tiros. Quando soube da notícia, Luana conta que foi até a cunhada, que negou qualquer envolvimento.
Dias depois, Luana perguntou se Marzi sabia o que tinha acontecido. Como resposta, ela diz que ouviu: "Eu não entrego minha mãe por nada".
Luana afirma que Simone dos Santos Rodrigues, uma das filhas biológicas, era uma das que mais reclamavam de Anderson. Flordelis, de acordo com a nora, fazia coro com as reclamações.
"Eu perguntei: 'por que não separa?' Mas ela [Flordelis] dizia que a separação iria queimar a imagem da igreja, que seria um escândalo. Então ela falava que Deus iria levar ele, que até o final do ano ele iria morrer", relata Luana.
Simone, de acordo com Luana, disse dois dias após a morte de Anderson que "x-9 [gíria para delator] tem que morrer com tiro na cabeça", enquanto Luana respondeu que "todos que participaram disso iriam pagar".
Além de Luana, outras testemunhas serão ouvidas. Os réus (veja abaixo) respondem pelo homicídio, tentativa de envenenamento do pastor e participação na tentativa de forjar uma carta na qual Lucas Cézar dos Santos, outro filho adotivo de Flordelis, assumiria toda a culpa pelo assassinato de Anderson.
A sessão de julgamento acontece na 3ª Vara Criminal de Niterói, sob o comando da juíza Nearis do Santos Carvalho Arce. Os réus são:
- Adriano dos Santos Rodrigues, um dos filhos biológicos de Flordelis, acusado de participar do plano para forjar a carta. Ele responde por uso de documento falso, falsidade ideológica e associação criminosa;
- Carlos Ubiraci Francisco da Silva, pastor e filho adotivo de Flordelis, se envolveu no plano do assassinato e nas tentativas de envenenamento contra Anderson. É réu por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa;
- Marcos Siqueira Costa. Ex-policial militar, ele responde por uso de documento falso, falsidade ideológica e associação criminosa por participação no plano para incriminar Lucas;
- Andrea Santos Maia. Mulher de Marcos, usou o fato de ter autorização para visitá-lo na cadeia como forma de ajudar a articular a falsa carta. É acusada de uso de documento falso, falsidade ideológica e associação criminosa.
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