Topo

Esse conteúdo é antigo

'Ele era o deputado': Pastor guiava Flordelis na Câmara, diz delegada

A ex-deputada Flordelis é acusada de assassinar o marido e pastor, Anderson do Carmo - Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo
A ex-deputada Flordelis é acusada de assassinar o marido e pastor, Anderson do Carmo Imagem: Wallace Martins/Futura Press/Estadão Conteúdo

Igor Mello

Do UOL, no Rio

12/04/2022 13h15Atualizada em 12/04/2022 14h51

Primeira testemunha a depor no julgamento de quatro réus ligados à morte do pastor Anderson do Carmo, marido da ex-deputada federal Flordelis, a delegada Barbara Lomba, que chefiou a primeira parte das investigações, afirmou que a vítima tinha grande poder político. Segundo ela, isso incomodava parte dos filhos de Flordelis.

Barbara chefiava a DHNSG (Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí) na época do crime —Anderson foi morto a tiros em junho de 2019. Segundo ela, o pastor era "uma pessoa de ação", que tomava para si muitas responsabilidades. Em relação à atividade política de Flordelis, a delegada afirma que "todo mundo" no meio sabia que ele era o responsável pelas articulações.

"Embora não tenha assumido nenhuma função formal, ele era praticamente o deputado. Ele fazia a articulação política dentro do Parlamento, para eleições municipais. Ele tinha objetivos: conseguir tantas prefeituras, quantos municípios. Havia mensagens dizendo: 'Você tem que olhar para tal pessoa, sentar do lado dele'. Ele direcionava as atitudes dela", disse a delegada.

Barbara Lomba ainda revelou que o crescente poder político e a ingerência que o pastor tinha sobre a congregação de Flordelis provocavam insatisfação nas pessoas mais próximas da ex-deputada, como os filhos biológicos.

"O grupo que ficou descontente com o que o Anderson estava representando queria deixar claro que tudo foi construído com a imagem da Flordelis. No meio político, havia pessoas que tratavam com ele, não com ela. Há uma decisão que a ação de Anderson precisava ser interrompida, e não podia ser pela separação", disse ela.

Júri popular

Começou hoje o segundo júri popular de acusados de envolvimento na morte de Anderson. A sessão de julgamento —que acontece na 3ª Vara Criminal de Niterói sob o comando da juíza Nearis do Santos Carvalho Arce— avalia denúncias contra cinco réus.

Além do homicídio em si, eles são acusados de outros fatos, como a tentativa de envenenamento do pastor e participação na tentativa de forjar uma carta na qual Lucas Cézar dos Santos, outro filho adotivo de Flordelis, assumiria toda a culpa pelo assassinato de Anderson. Os réus são:

  • Adriano dos Santos Rodrigues, um dos filhos biológicos de Flordelis, é acusado de participar do plano para forjar a carta. Ele responde por uso de documento falso, falsidade ideológica e associação criminosa;
  • André Luiz de Oliveira, filho adotivo, também é acusado de envolvimento na tentativa de culpar Lucas e responde por uso de documento falso, falsidade ideológica e associação criminosa;
  • Carlos Ubiraci Francisco da Silva, pastor e filho adotivo de Flordelis, é acusado de participar do plano do assassinato e das tentativas de envenenamento contra Anderson. É réu por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa;
  • Marcos Siqueira Costa - Ex-policial militar, ele responde por uso de documento falso, falsidade ideológica e associação criminosa por participação no plano para incriminar Lucas;
  • Andrea Santos Maia - Mulher de Marcos, usou o fato de ter autorização para visitá-lo na cadeia como forma de ajudar a articular a falsa carta, segundo a denúncia. É acusada de uso de documento falso, falsidade ideológica e associação criminosa.