Defesa de Flordelis acusará pastor assassinado de assédio sexual
Embora a ex-deputada federal Flordelis não seja uma das rés julgadas hoje, a defesa da pastora — acusada de ser a mandante do assassinato do pastor Anderson do Carmo, seu marido— acompanha a audiência. Ela sustenta a tese de que a morte foi motivada por assédios sexuais e patrimoniais.
Segundo a advogada Janira Rocha, que representa Flordelis, a estratégia é mostrar que o assassinato do pastor Anderson foi uma reação a uma situação de abusos contínuos. Simone dos Santos Rodrigues, filha biológica de Flordelis, confessou ter mandado matar o padrasto com a justificativa de sofrer abusos sexuais —segundo a versão, a mãe não tinha ciência do crime.
"[A estratégia é] Demonstrar a que interesses se serve esconder essas questões relacionadas aos filhos e aos abusos sexuais, emocionais e patrimoniais, que foram praticados naquela casa. Inclusive contra Flordelis", disse a advogada ao chegar ao Fórum de Niterói. Janira também defende a filha Simone.
Hoje serão julgados quatro réus no processo. Além do homicídio e da tentativa de homicídio por envenenamento de Anderson, eles se envolveram em supostos planos para forjar uma carta em que Lucas, filho adotivo do casal, assumiria a culpa pelo crime.
Em resposta, o advogado Angelo Máximo, assistente de acusação representando a família do pastor, disse que a tese da defesa de Flordelis "é covarde".
"Foram ouvidas em sede policial e nenhuma delas reclamou de abuso sexual. E por mais que houvesse o abuso sexual, a Flordelis tem participação por omissão, por ser mãe. Que mãe é essa que sabe de abuso sexual na casa, das suas filhas sendo vítimas, e não faz nada? Atacar a vítima é fácil", questionou.
"O Código Penal veda fazer justiça com as próprias mãos. Para isso existe polícia. E ela, como mãe, deveria ser a primeira a denunciar."
Flordelis, duas filhas e uma neta serão julgadas no próximo dia 9 de maio. Em novembro de 2021, houve o primeiro julgamento do caso.
Os filhos da ex-deputada Flávio dos Santos Rodrigues e Lucas Cézar dos Santos de Souza foram julgados na ocasião.
Flávio, acusado de efetuar os disparos que mataram o pastor, foi condenado a 33 anos e dois meses de prisão por homicídio, porte ilegal de arma de fogo, uso de documento falso e associação criminosa. Já Lucas, acusado de ter comprado a arma usada no crime, foi condenado a sete anos e seis meses de prisão por homicídio.
O filho adotivo André Luiz de Oliveira, que responde por uso de documento falso, falsidade ideológica e associação criminosa, seria julgado hoje, mas o advogado dele passou mal.
Os julgados
- Adriano dos Santos Rodrigues, um dos filhos biológicos de Flordelis, acusado de participar do plano para forjar a carta. Ele responde por uso de documento falso, falsidade ideológica e associação criminosa;
- Carlos Ubiraci Francisco da Silva, pastor e filho adotivo de Flordelis, se envolveu no plano do assassinato e nas tentativas de envenenamento contra Anderson. É réu por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa;
- Marcos Siqueira Costa. Ex-policial militar, ele responde por uso de documento falso, falsidade ideológica e associação criminosa por participação no plano para incriminar Lucas;
- Andrea Santos Maia. Mulher de Marcos, usou o fato de ter autorização para visitá-lo na cadeia como forma de ajudar a articular a falsa carta. É acusada de uso de documento falso, falsidade ideológica e associação criminosa.
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