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Defesa de Flordelis acusará pastor assassinado de assédio sexual

Ex-deputada federal, Flordelis perdeu mandato em agosto do ano passado - Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Ex-deputada federal, Flordelis perdeu mandato em agosto do ano passado Imagem: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Igor Mello

Do UOL, no Rio

12/04/2022 09h47Atualizada em 12/04/2022 13h07

Embora a ex-deputada federal Flordelis não seja uma das rés julgadas hoje, a defesa da pastora — acusada de ser a mandante do assassinato do pastor Anderson do Carmo, seu marido— acompanha a audiência. Ela sustenta a tese de que a morte foi motivada por assédios sexuais e patrimoniais.

Segundo a advogada Janira Rocha, que representa Flordelis, a estratégia é mostrar que o assassinato do pastor Anderson foi uma reação a uma situação de abusos contínuos. Simone dos Santos Rodrigues, filha biológica de Flordelis, confessou ter mandado matar o padrasto com a justificativa de sofrer abusos sexuais —segundo a versão, a mãe não tinha ciência do crime.

"[A estratégia é] Demonstrar a que interesses se serve esconder essas questões relacionadas aos filhos e aos abusos sexuais, emocionais e patrimoniais, que foram praticados naquela casa. Inclusive contra Flordelis", disse a advogada ao chegar ao Fórum de Niterói. Janira também defende a filha Simone.

Hoje serão julgados quatro réus no processo. Além do homicídio e da tentativa de homicídio por envenenamento de Anderson, eles se envolveram em supostos planos para forjar uma carta em que Lucas, filho adotivo do casal, assumiria a culpa pelo crime.

Em resposta, o advogado Angelo Máximo, assistente de acusação representando a família do pastor, disse que a tese da defesa de Flordelis "é covarde".

"Foram ouvidas em sede policial e nenhuma delas reclamou de abuso sexual. E por mais que houvesse o abuso sexual, a Flordelis tem participação por omissão, por ser mãe. Que mãe é essa que sabe de abuso sexual na casa, das suas filhas sendo vítimas, e não faz nada? Atacar a vítima é fácil", questionou.

"O Código Penal veda fazer justiça com as próprias mãos. Para isso existe polícia. E ela, como mãe, deveria ser a primeira a denunciar."

Flordelis, duas filhas e uma neta serão julgadas no próximo dia 9 de maio. Em novembro de 2021, houve o primeiro julgamento do caso.

Os filhos da ex-deputada Flávio dos Santos Rodrigues e Lucas Cézar dos Santos de Souza foram julgados na ocasião.

Flávio, acusado de efetuar os disparos que mataram o pastor, foi condenado a 33 anos e dois meses de prisão por homicídio, porte ilegal de arma de fogo, uso de documento falso e associação criminosa. Já Lucas, acusado de ter comprado a arma usada no crime, foi condenado a sete anos e seis meses de prisão por homicídio.

O filho adotivo André Luiz de Oliveira, que responde por uso de documento falso, falsidade ideológica e associação criminosa, seria julgado hoje, mas o advogado dele passou mal.

Os julgados

  • Adriano dos Santos Rodrigues, um dos filhos biológicos de Flordelis, acusado de participar do plano para forjar a carta. Ele responde por uso de documento falso, falsidade ideológica e associação criminosa;
  • Carlos Ubiraci Francisco da Silva, pastor e filho adotivo de Flordelis, se envolveu no plano do assassinato e nas tentativas de envenenamento contra Anderson. É réu por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa;
  • Marcos Siqueira Costa. Ex-policial militar, ele responde por uso de documento falso, falsidade ideológica e associação criminosa por participação no plano para incriminar Lucas;
  • Andrea Santos Maia. Mulher de Marcos, usou o fato de ter autorização para visitá-lo na cadeia como forma de ajudar a articular a falsa carta. É acusada de uso de documento falso, falsidade ideológica e associação criminosa.