Ministério diz que investigará sexo como pagamento de dívida na Papuda
O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos afirmou que vai contribuir com a apuração de um esquema no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal, onde mulheres com parentes presos seriam obrigadas a manter relações sexuais com outros detentos por causa de dívidas contraídas por seus familiares no sistema prisional.
"A notícia demonstra, mais uma vez, que a violência contra a mulher deve ser combatida nos mais diversos espaços", reforçou o ministério, em nota.
O esquema foi revelado em reportagem do site Metrópoles, no sábado (28). As abordagens começariam nos dias de visita, quando traficantes se interessariam por mulheres que têm parentesco com aqueles que cumprem pena no sistema.
"Eles reparam que um apenado tem uma irmã bonita, ou mãe que chama a atenção, e passam a aliciá-lo. Oferecem algumas facilidades dentro da prisão, que pode ser até mesmo a compra de um lanche melhor na cantina. O objetivo é fazer com que esse interno fique em dívida. Na maioria das vezes, esses presos não conseguem pagar e são coagidos a levar essas mulheres para ter encontros íntimos com outros internos", contou um policial penal, em condição de anonimato.
De acordo com o site, as relações ocorrem nas celas dedicadas às visitas íntimas ou até mesmo nos banheiros do pátio.
"Para ter acesso ao chamado 'parlatório' (local onde ocorre a visita íntima), os internos precisam comprovar que têm relacionamento estável ou são casados. Esse controle acaba inibindo alguns encarcerados, que preferem transar dentro dos banheiros, pois sabem que, em regra, não podemos entrar", contou outro trabalhador do complexo penitenciário.
Para apurar a situação, segundo a pasta do governo federal, foi designada uma equipe formada pela Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, Secretaria Nacional de Proteção Global e Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos.
De acordo com o ministério, a intenção ainda é reforçar ações de enfrentamento às violações e amparo às vítimas junto ao Ministério Público, ao Governo do Distrito Federal, à Direção da Unidade Penitenciária, ao Tribunal de Justiça, ao Departamento Penitenciário Nacional, ao Conselho Nacional do Ministério Público, à Defensoria Pública e ao Conselho Nacional de Justiça.
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