Juíza ameaça expulsar advogado de Jairinho, que diz: 'Vai mandar prender?'
O advogado Cláudio Dalledone, que defende o ex-vereador Dr. Jairinho, afirmou que acionará o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) contra a juíza Elizabeth Machado Louro, da 2ª Vara Criminal do Rio, responsável pelo do Caso Henry Borel, 4, morto no ano passado.
O advogado se envolveu em um bate-boca com a magistrada após ele interromper um comentário dela durante o depoimento do perito Leonardo Hubir Tauil, que assinou o laudo de necropsia da criança. "Se o senhor me interromper mais uma vez, o senhor vai ficar lá fora", reagiu a juíza.
O advogado respondeu: "Isso a senhora não pode fazer. Não fico. Vai mandar me prender?" Ela então rebateu: "Então o senhor chama a polícia lá para me prender".
A audiência judicial, que ouve hoje duas testemunhas convocadas pela defesa sobre o laudo de necropsia no corpo de Henry, foi marcada por diversos conflitos entre as partes.
Outro momento tenso foi a discussão entre Dalledone e Cristiano Mediano, advogado do pai de Henry, Leniel Borel. O assistente de acusação questionou por diversas vezes o que chamou como de falta de objetividade da defesa do ex-vereador ao questionar o perito.
Os dois chegaram a se encarar. O PM do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro precisou intervir para acalmar os ânimos (veja abaixo).
Além do perito legista Leonardo Huber Tauil, o assistente técnico Sami El Jundi, contratado pelos advogados de Jairinho, começou a prestar depoimento pouco depois das 16h30.
Defesa tenta desqualificar laudos do hospital
Durante audiência, a defesa de Jairinho alegou que o menino Henry chegou vivo ao hospital e não morto como relatado em depoimentos dos médicos que o atenderam.
A estratégia da defesa é anular as provas hospitalares. A defesa apresentou um raio-x que precisou ser apreendido no Hospital Barra D'Or, onde a criança foi atendida, na zona oeste da cidade.
Sami destaca que o exame mostra o pulmão de Henry colapsado —item que não consta na necropsia oficial do IML (Instituto Médico Legal) e pode ocorrer em decorrência de manobras de atendimento.
Ele comentou ainda sobre o termo "trismo", usado por uma das médicas no prontuário de Henry. Segundo ele, muitas coisas causam o trismo, inclusive traumatismo craniano e deficiência de cálcio, e que o termo não sinônimo de rigidez cadavérica.
Sami apontou ainda a existência de equimoses no corpo ocasionadas pelo atendimento médico, como na região jugular. Ele afirma que para haver esse tipo de lesão há circulação sanguínea.
"Não se faz equimose em cadáver. Só em vivo. É preciso sangue circulando", afirmou.
Ele destacou ainda contradições no documento e ausência de informações. "Me chamou a atenção a pobreza das descrições (...) uma necropsia completa dura 1h30 a 2 horas. Se tiver procedimento adicional isso vai prolongar o tempo de necropsia, sem contar a redação do laudo."
Antes, o perito responsável pelo laudo reafirmou que Henry morreu em decorrência de hemorragia interna e laceração hepática por ação contundente. Ele disse no Tribunal que lembrava da necropsia do menino pela marcas de violência incomum em uma criança.
"Dezenove anos que estou lá e é muito incomum ter lesão violenta em criança de quatro anos e me chamou atenção."
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