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Justiça determina envio de helicópteros à Amazônia para buscas de sumidos

O indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips, que desapareceram na Amazônia - Reprodução/TV Globo
O indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips, que desapareceram na Amazônia Imagem: Reprodução/TV Globo

Herculano Barreto Filho

Do UOL, em São Paulo

08/06/2022 12h02

A Justiça Federal determinou hoje o envio imediato de helicópteros, embarcações e equipes de busca para a região do Vale do Javari, no Amazonas, local do desaparecimento de Bruno Araújo Pereira, servidor licenciado da Funai (Fundação Nacional do Índio), e do jornalista Dom Phillips, correspondente do jornal britânico The Guardian, vistos pela última vez há três dias.

A decisão é uma resposta à ação civil pública em conjunto entre a Defensoria Pública da União (DPU), Ministério Público Federal e a Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari), solicitando o apoio imediato do governo federal nas buscas.

Na decisão, assinada pela juíza Jaiza Maria Pinto Fraxe, da 1ª Vara Federal Cível do Amazonas, a Justiça autoriza a DPU e o Ministério Público Federal a requisitar o suporte diretamente à Polícia Federal, Comando Militar da Amazônia e Força Nacional de Segurança para "as providências urgentes e necessárias ao cumprimento da decisão".

"Determino à ré União que efetive imediatamente obrigação de fazer no sentido de viabilizar o uso de helicópteros, embarcações e equipes de buscas [para] localizar Bruno Pereira e Dom Phillips", cita o texto.

As buscas estão sendo feitas por equipes da Polícia Federal, Secretaria de Segurança Pública do Amazonas e Forças Armadas.

Onde o indigenista e o jornalista desapareceram - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

O que se sabe sobre as investigações e as buscas

Um suspeito e quatro testemunhas foram ouvidos, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas. O MPF (Ministério Público Federal), que abriu investigação do caso, acionou Polícia Federal, Polícia Civil, Força Nacional e Frente de Proteção Etnoambiental do Vale do Javari.

Um bilhete apócrifo com ameaças dirigidas a Bruno e a líderes indígenas foi deixado no escritório de advocacia que representa a organização para a qual ele vinha trabalhando voluntariamente, em Tabatinga (AM).

A equipe de busca e salvamento vasculha os rios Javari, Itaquaí e Ituí desde segunda-feira. Sete militares da Capitania Fluvial de Tabatinga (AM), duas lanchas, uma moto aquática e um helicóptero estão sendo usados nos trabalhos, segundo a Marinha.

Mergulhadores estão no local, mas não chegaram a atuar nos rios, porque não foram encontrados vestígios da embarcação ou sinais de conflitos. "Eles mergulham quando a gente identifica um local e suspeita que possa ter algo lá", disse o subcomandante da Polícia Militar do Amazonas, coronel Agenor Teixeira Filho.

Por onde eles passaram

Bruno e Dom foram vistos pela última vez por volta das 7h de domingo a bordo de um barco e sumiram no trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte (AM), onde eram aguardados por duas pessoas ligadas à Univaja.

Segundo a Univaja, a dupla foi visitar uma equipe de vigilância indígena perto do lago do Jaburu, nas imediações da base da Funai no rio Ituí, para que o jornalista pudesse conversar com indígenas que vivem no local.

As entrevistas foram feitas na última sexta-feira (3). Na volta, eles pararam em São Rafael, onde Bruno teria uma reunião com o líder comunitário "Churrasco", que não estava no local. Bruno, então, conversou com a esposa dele antes de deixar o local.

Ameaças

Bruno trabalhava com ribeirinhos e indígenas da região, afetada pela ação de invasores. Segundo testemunhas, sofria ameaças constantes de garimpeiros, madeireiros e pescadores que atuavam em terras indígenas e, por isso, a falta de contato após um dos deslocamentos é vista com bastante preocupação. Em carta reproduzida pelo jornal O Globo, pescadores prometeram "acertar contas" com o indigenista.