Homem empurra corpo da mãe em carrinho de mão por 5 km até cemitério no RN
Um homem de 60 anos do município de Vera Cruz (RN) chamou atenção ao carregar o corpo de sua mãe, de 82, em um carrinho de mão por mais de cinco quilômetros desde a comunidade rural de Olho D'água, em Monte Alegre (RN), até o cemitério da cidade.
Segundo a prefeitura de Vera Cruz, Antônia Alves da Silva, 82, morreu na tarde de ontem na propriedade da família, que fica em uma área rural. Analfabeta, ela morava sozinha com o filho, Joaquim, de aproximadamente 60 anos, que também é analfabeto e não soube precisar a própria idade.
Em depoimento à equipe de assistência social da cidade, ele contou que não sabia o que fazer quando a mãe morreu. Então, ele a colocou num carrinho de mão, pegou uma pá e tentou se dirigir ao cemitério de Monte Alegre.
"Porém, entre a comunidade de Olho D'água e Monte Alegre existe um rio, o Rio Trairi. Por causa das chuvas, houve uma condição de cheia do leito do rio e ele não pôde atravessar. Foi quando decidiu empurrar a mãe sobre o carrinho por uma estrada de terra, até o cemitério de Vera Cruz", afirma a prefeitura.
A cena de Joaquim chegando ao cemitério da cidade comoveu a população. Dezenas de moradores aglomeraram-se às portas do cemitério, buscando entender o que acontecia. Ele alegou que a pá seria usada para enterrar a mãe e que ele aguardava pela ajuda do coveiro.
"Ele chegou à cidade por volta das 7 horas e, como a cidade é monitorada por câmeras, em questão de minutos a Guarda Municipal compareceu ao local, onde prestou atendimento a Joaquim. Os agentes explicaram que ele não poderia simplesmente trazer a mãe para o enterro, que haviam trâmites burocráticos a seguir, mas ele não compreendia", explicou a prefeitura.
A PM também foi acionada para auxiliar no caso, assim como técnicos da Secretaria de Assistência Social da cidade. Descobriu-se que Joaquim não poderia enterrar a mãe no cemitério de Vera Cruz porque a comunidade de Olho D'água pertence ao município de Monte Alegre.
A prefeitura chamou também o Itep (Instituto Técnico-Científico de Perícia) da Polícia Civil, para que pudessem fazer exames que confirmassem a causa da morte. Foi providenciada uma viatura que levasse o corpo de Antônia ao município vizinho, onde Joaquim poderia, enfim, realizar o sepultamento.
"Segundo informações de vizinhos, ela sofria com uma ferida aberta que pode ter infeccionado e causado a sua morte. Agora o Itep deve realizar os exames necessários para confirmar essa teoria", afirma a prefeitura.
O UOL contatou, por mensagens, representantes da Assistência Social e da Secretaria de Saúde de Monte Alegre, para conseguir detalhes sobre o atendimento prestado a Joaquim e se certificar sobre a data do sepultamento, mas até o momento não houve resposta.
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